terça-feira, novembro 22, 2005

Dia 19 - Basicamente...

Ora bem, hoje não me vou alargar nas palavras (eu sei que digo sempre isto, mas hoje não me apetece falar, ou melhor, escrever, muito).
A TVI, o canal de televisão português, tem várias características que a distinguem das outras televisões, nomeadamente a cena do coiso com os tipos vestidos de não-sei-quê que saem depois do público mandar umas mensagens para não-sei-onde, e enquanto eles lá estão aprendem a fazer coisas que os tipos das cenas fazem todos os dias lá na terra deles ou na terra dos outros, se for preciso. Mas com isto vivo eu bem, não me tira o sono nem nada que se pareça. Uma coisa que me está a intrigar há... sei lá... deixa ver... noves fora... mais o IVA a 21%... menos 35...ok, 7 minutos é o facto de as novelas da TVI, todas de produção nacional (vá lá, uma atitude que se aproveita) usarem todas nomes de conhecidas músicas do panorama musical português (eu sei, é redundante, mas o blog é meu e eu posso), como "Ninguém como tu", "Há bronca na Discoteca" (ainda em projecto), "Dei-te quase tudo" e outros que agora não me lembro... mas que existem. Ora muito bem, isto é tudo muito giro mas há um sector da música nacional que está a ser posto em segundo plano e eu acho que já é altura de se dizer isto, porque eles merecem. Cá vai:

Senhores da TVI, para quando uma novela intitulada: "A minha sogra é um boi" ou então "Marilú"?

Já imaginaram as possibilidades? A densidade dramática?

Há claramente dualidade de critérios no que diz respeito a esta temática e as consequências são imprevisíveis. Querem exemplos? (Não.) Então eu digo:
- Hoje de manhã no autocarro uma pensionista olhou para mim de lado três vezes e depois de entoar por três vezes o refrão de "Na minha cama com ela" desfez-se em puré de abóbora.
- E uma outra pensionista, depois de se levantar para sair, justamente na altura em que o motorista ia arrancar o autocarro, passados 40 minutos, decidiu fazer malabarismo com 3 garrafas de azeite numa mão e 4 iogurtes de pêssego noutra.

Ora o que é que isto quer dizer?

De acordo com o Regulamento dos Gnus Suicidas do Dubai, recitado diariamente pelos pastores albinos do sudoeste da Namíbia para baptizarem os seus nascituros e abençoarem as sementeiras de anonas, este tipo de comportamentos, principalmente se levados a cabo por pensionistas em transportes públicos, são um sinal claro que está para breve um desembarque de pinguins terroristas com o intuito de fazer um golpe de Estado na Casa Branca para abolir uma lei que proibe a existência de mais do que três mesas de matraquilhos nas casas do povo de Gaberone, capital do Botswana. É mais do que claro que das mesas de matraquilhos (ou matrecos, como gosto de chamar) para as telenovelas é uma pequena distância.
Portuguesas e portugueses, é altura de tomarmos uma decisão: Ou adaptamos nomes de êxitos do Metal luso para baptizar as nossas novelas ou corremos o risco de haver uma guerra civil liderada por pensionistas que gostam de ouvir o José Figueiras a "cantar o tirolês".

Eu como não gosto nem de novelas nem de pensionistas vou emigrar para o Gabão para ser banhado em leite de coco por girafas anãs.





Ou então não...


Tenham medo. Tenham muito medo.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Dia 18 - Olé...

Ora bem, hoje nem estava para escrever nada, mas depois saí debaixo do camião TIR que me atropelou na auto-estrada e apeteceu-me fazer alguma coisa de útil pela sociedade. É que isto de levar com 5 toneladas nas costas pode para muitos ser encarado como algo de hostil ou até violento, alguns até o consideram uma coisa de desagradável... eu não, acho simplesmente que é algo pouco prático e nada bom para quem gosta de manter um low-profile.
Mas prosseguindo, hoje vou escrever sobre algo que considero que faz tanto sentido como o capachinho do Marante. Não, não é a candidatura de Mário Soares à presidência da República nem o aumento de 3 cêntimos nos iogurtes de meio litro - sabor morangos do Panamá - do Minipreço, é outra coisa.

Touradas.
Quero começar por dizer que abomino a tauromaquia em particular e à violência a animais em geral.
Antes que os defensores da tauromaquia se insurjam contra mim e comecem a enviar comentários de índole violenta e afins, tipo "Tu queres ver?" ou insultos do género - "És um 'ganda benfiquista!" eu só vos quero clarificar uma coisa:
Arena - Redonda ou oval. Personagens - meia dúzia de tipos de collants com um gorro verde na cabeça, com peso a rondar os 80-90 kg e UM TOURO que não faz a mínima ideia porque está tanta gente a olhar para ele, porque é que o chamam tantos nomes e porque é que aqueles senhores de collants e gorro verde insistem em apanhar com os cornos dele na zona da virilha. A acrescentar à lista também existem os ditos "toureiros", que primam por usarem calças cujo botão superior se encontra mais ou menos na zona do pescoço e cujo uniforme ostenta um grande número de coisas verdadeiramente masculinas, como LANTEJOULAS e POMPONS com cores garridas.

Qual é o sentido das toiradas?
Ponham-se no lugar do toiro (com ou sem os apêndices cranianos):
Está o animal que a curtir com as "grandas vacas" - como ele gosta de as chamar - e a consumir de forma desregrada ervas da mais variada espécie quando de repente chega um campino - essa figura indescritível - e lhe diz:
"- Oh boi! (começa logo com os insultos), anda aqui para este camião que vamos levar-te a dar uma volta, pode ser?"
O animal lá diz:
" - MuuuUuuUUUuuuu (Esperavam que o touro começasse a citar Confúcio ou a cantar Frank Sinatra, não?)"
E lá entra na viatura. Faz a viagem e quando sai vê que está numa arena e tem meia dúzia de marmanjos dispostos corajosamente em "filinha", para parecerem ainda menos, a dizerem-lhe "Toiro! Toiro! Toiro!Toiro! Eh toiro lind'... "
Então o animal pensa:
"Sim, sou eu, excusam de repetir o meu nome, eu sei que sou bonito, mas confesso que vocês não fazem o meu género, essa coisa do barrete e essas calças... não sei... deixem-se lá disso, está bem? É que nós os toiros, somos um bocadinho impulsivos..."
E os forcados continuam:
" - Toiro! Toiro! Toiro!Toiro!"
E o bicho, claro está, não gosta e pronto, atira-se de cabeça em direcção às já referidas virilhas do primeiro da fila.
Ora isto, caros leitores, é nem mais nem menos do que uma demonstração de masoquismo. A acrescentar a isto tudo ainda há um deles que se denomina de "rabejador"- um nome muito apanascado.

Pessoalmente não tenho grande coisa contra a parte dos forcados, o animal não se magoa muito e quem sofre mais são mesmo os pobres dos tipos. O que me irrita mesmo é a parte do toureiro.

"O toureiro, esse animal estranho."
Imaginem:
Entra o toureiro com aquele fato colorido na arena e depara-se com o animal.
Pensa o toiro, mais uma vez:
"Com uma roupa dessas, desculpa lá meu amigo, mas estás mesmo a pedir para ser gozado!"
Contam os idos históricos que nas primeiras toiradas realizadas os toureiros eram fortemente gozados pela população bovina presente na arena e eram substituidos por malabaristas suecas que cantavam a capella a música "Há bronca na discoteca" do famosíssimo Nel Monteiro, daí o nome de "festa brava" que ainda se usa hoje.
Perante o problema a ATQNTCDUFA - Associação dos Toureiros Que Não Têm Culpa De Usarem Fatos Abichanados - decidiu em Assembleia Geral na Casa do Povo de Yaounde, capital dos Camarões, que os toureiros deveriam entrar armados com uma espada ou uma bandarilha, em defesa do uso dos pompons e das lantejoulas.
Desde então lá entram os toureiros, abichanados mas armados. Os toiros, claro está, não gostam, e mostram a língua várias vezes enquanto o toureiro lá está. Mas este não tem sentido de humor e enquanto se desvia do bicho com uma capa COR-DE-ROSA - de um lado e AMARELA - do outro, vai-lhe espetando bandarilhas até o animal desistir.

"Como é que uma demonstração dos hábitos que mais aproximam o Ser Humano do animal pode ser tão valorizada por alguns estratos de sociedade, nomeadamente os media, que insistem em realizar todos os anos a "Grande Corrida"?" - Perguntam vocês.

Não sei.

Mas aqui os amantes das toiradas podem perguntar:
"- Mas espera aí, "Oh Tu!" Cá em Portugal não existem os toiros de morte!"
Pois não, em vez disso deixam o animal a sangrar até o levarem para o Matadouro no dia a seguir. Quanta misericórdia.

Querem uma solução: Deixem lá os forcados e rabejadores divertirem-se com o animal, ambos se aleijam tanto como numa partida de rugbgy e desta forma damos algum motivo para que Eles ainda acreditem na espécie humana.
Reparem no exemplo de Pamplona: Metem o toiro a descer uma rua enorme enquanto as pessoas se desviam. O bicho parte meia dúzia de costelas a meia dúzia de pessoas, é certo, mas essas pessoas sempre levam alguma história para contar, uma souvenir das férias em Espanha... e o touro diverte-se.

Para mim uma verdadeira toirada seria assim:
Arena - redonda ou oval. Personagens - Dezenas de toiros e vacas com sentido de humor, com pesos a oscilar o 190 - 270 kg e UM TOUREIRO sem espada nem bandarilhas e vestido de cor-de-rosa. É facultativo o uso do revestimento de estrume. Para que o toureiro pudesse evitar ser transformado em carne picada teria de entreter durante toda a noite os bovinos com números de stand-up e truques foleiros de ilusionismo.

Que acham?

- Ainda estou para investigar se é verdadeiro o rumor de que os toureiros têm um sucesso tremendo com as jovens do sexo feminino, será que os pompons que ostentam têm um poder de "sexual magnet" que ainda ninguém conseguiu realmente compreender e dominar? Será que me ficariam bem?




.... Hmmm, não.



Tenham medo, muito medo.