quinta-feira, agosto 16, 2007

Dia 44 - férias...

Hoje vou escrever sobre algo que me tem impedido de escrever nos últimos tempos. Não vou falar de calamidades, nem doenças, nem aparições públicas do Nel Monteiro... mas de algo positivo, para variar.

As férias.

Eu gosto das férias. Quem é que não gosta? Também gosto da Soraia Chaves, e há muita gente que partilha da minha opinião... mas continuando, há uma pergunta que precisa necessariamente de ser colocada, mas nem por isso necessita de ser respondida.

Pergunta: Porque é que as férias existem?
Resposta opinativa: Na minha opinião as férias existem porque existe o seu oposto, ou seja, o trabalho. E há quem diga que o trabalho dignifica. Não discordando, eu acho que o trabalho cansa. E é provavelmente por isso que existem as férias. Para o pessoal descansar, ou pelo menos para poder mandar o patrão àquele sítio sem que ele oiça (o que pode ser um risco acrescido, dado que o patrão também pode estar num local perto do nosso, afinal, o que é que vocês pensam que ele faz quando diz que vai fazer uma "viagem de negócios"?).

Partindo da premissa anterior, é preciso trabalhar para poder estar de férias. Ou pelo menos fingir muito bem. O que me faz pensar... será que é preciso fingir estar de férias para se poder trabalhar?

Agora que penso nisso, não me apetece falar das férias... porque ao falar de férias, lembro-me dos últimos dias de férias. E isso é mau... porque os últimos dias de férias implicam os novos primeiros dias do trabalho, o que, por muitas imagens alegres que as pessoas lhes possam atribuir - um novo começo, voltar a ver os companheiros de trabalho... - naaah, é chato.

Existem muitos tipos de férias: férias da Páscoa, férias do Carnaval, férias do Natal o que denota uma ligação entre épocas festivas do ano e as férias. Mas também existem as férias de Verão, e como já temos na cabeça a ideia de férias = festa, o Verão tem de ser uma altura de festa.

Na cultura "tuga", as férias estão intrinsecamente associadas ao Verão. Um grupo de amigas minhas usou há uns tempos um termo para classificar a relação entre o Verão e as férias... provavelmente teriam outras intenções, mas para o tema sobre o qual escrevo agora não vale a pena referi-las - "Há coisas que só acontecem no Verão". Mais tarde um caranguejo de uma companhia de telecomunicações decidiu fazer uma música com isso, mas sobre o crustáceo não vou tecer quaisquer considerações, até porque nem tenho muito jeito para a costura.
Mas voltando à expressão, há de facto uma relação entre o tempo de férias e algo que só pode acontecer nessa altura, associado ao devido secretismo. É como as despedidas de solteiro, quem lá esteve sabe o que se passou, quem não esteve pode especular, mas nunca vai perceber.

Mas continuando...

É mais que sabido que a altura do Verão se caracteriza pelo retorno a casa dos emigrantes portugueses. É fácil identificar a viatura do emigrante: Um terço, uns óculos de sol e um cd pendurados no espelho retrovisor, uma pequena estátua da Nossa Senhora no tablier, um cachecol da Selecção atrás a tapar as colunas de som, a bandeira nacional a forrar o encosto de cabeça do banco do condutor e do passageiro, um pano ressequido na antena, vestígios do último casamento a que foram e um cd do Tony Carreira aos berros ("AI DESTINO, AI DESTINOOOOOOOOOOOOOOO..."). A não esquecer ainda o pormenor da t-shirt caveada e a respectiva marca de bronzeado no braço esquerdo do condutor, ou seja, o braço que vai pendurado na janela ao longo da viagem na "autoroute". O regresso é um forte motivo para festa, naturalmente. As aldeias do interior de Portugal animam-se com arraiais, muito vinho, fogo de artifício, enfim, é uma alegria, viva o Verão e não sei quê...

No Verão também existem os festivais de Verão. Não tenho muita informação sobre estes eventos, dado que fui apenas uma vez, mas posso dizer que são algo verdadeiramente fantástico, se não contarmos com os preços exorbitantes das bebidas no recinto, a ausência de água em alturas-chave do dia, o chão duro como _____ (inserir comparação com algo muito duro) que não deixa espetar nada para segurar a tenda no sítio, o calor nas tendas de campismo a partir das 8h da manhã e os filhos da p### que têm a mania de gritar "ALVORADAAAA!!" às 7 da manhã (aproximadamente a altura em que adormecemos finalmente) enquanto batem com os tachos como se não houvesse amanhã... enfim. Apesar destas coisas todas... é muito bom, seguramente uma experiência a repetir (caso já tenham ido a algum, senão será uma experiência a ter, e depois a repetir). Ah, e também vi a Soraia Chaves num festival de Verão, por isso...

Falando de outra coisa, antes do Verão vem a Primavera, e depois do Verão vem o Outono. A Primavera tem coisas interessantes, anda toda a gente com as hormonas aos saltos, as flores brotam, os passarinhos e as abelhas fazem aquilo que lhes compete. Por outro lado, o Outono tem coisas deprimentes, as folhas caem, a chuva volta e as aulas recomeçam.
O Verão é um meio-termo, ou seja, os mocinhos e as mocinhas andam todos malucos na praia à procura de algum eye-candy (docinho para os olhos) e também à procura de motivos para impedir a depressão que virá depois, quando tiverem de regressar ao trabalho.

A praia é interessante... há de tudo por lá. Pensando bem, é só areia, água e pessoas. "People are strange, when you're a stranger", já dizia o Jim Morrison. De todas as coisas peculiares que aparecem na praia, só me apetece falar de duas - uma boa e uma má:

A boa - as raparigas de fio dental
A má - os gajos de fio dental

Há uma coisa que me irrita solenemente... porque é que os ginásios se enchem de gente nas semanas que antecedem o início da época balnear?
Há quem culpe a televisão, nomeadamente aquelas séries com homens (de corpos em Y) acompanhados de mulheres (boas) a correrem em slow motion pela praia. Eu culpo a estupidez. Isso faz tanto sentido como pedir café com "adoçante" depois de se comer uma mousse de chocolate. Não combina.

=== Parte mais séria ===

Há outra coisa que me deixa indignado. De todos estes hábitos, há um que deveria ter a pena de morte, ou pelo menos um encontro imediato com um camião TIR na cervical. Não falo, obviamente, dos bailes de Verão nem dos homens pançudos de cuecas de gola alta (embora... pensando bem...), mas sim dos néscios pusilânimes que abandonam os seus animais de estimação nesta altura, por não terem capacidade e disposição para tratar deles durante a altura das férias.

Os animais não são um brinquedo, muito menos um electrodoméstico com botão on/off, cuja função seja entreter os membros da família. Os animais de estimação SÃO membros da família e da mesma maneira que nem devemos sequer considerar a hipótese de abandonar um familiar à sua sorte no meio da estrada (mesmo sabendo que é um ser humano com capacidade de raciocínio) poderemos pensar em descartar da nossa vida um animal que já perdeu alguns instintos de sobrevivência por conviver no meio doméstico. Se não podem ter um animal a tempo inteiro, não o tenham de todo.

=== Fim da parte mais séria ===

Planeta Terra, boas férias.

Tenham medo, muito medo.