segunda-feira, janeiro 30, 2006

Dia 22 - A neve até é gira...

Muito bem, eu até nem queria dizer nada hoje, por isso vou apenas escrever...
Não sei se repararam, mas parece que tem nevado aí por Portugal Continental, nem as praias da Figueira da Foz e nem mesmo o Algarve, essa colónia estrangeira em Portugal, escaparam àquela coisa branca que cai do ar (não, não me refiro à caspa).
Até agora tudo bem... mas neve no Porto, que é bonito, isso é que não!!
Senhores que mandam aí no tempo, os denominados "manda-chuvas" ou neste caso, "manda-neves", qual é a ideia? Que mal é que os portuenses lhes fizeram para não merecermos um bocadinho de neve? A sério, nem era preciso muito, só um bocadinho...

Mas afinal qual é a "panca" das pessoas com a neve? Qual é a piada de levar com cenas geladas na cabeça? Não sei se já repararam, mas aquilo é frio...
Analisemos bem esta situação: Estão vocês no "quentinho", passa na televisão o vosso programa preferido, tudo está bem... de repente, olham para a janela e vêm que está a nevar, ou seja, água congelada precipita-se sobre o solo sob a forma dos denominados "flocos".
E qual é a reacção típica?
O sujeito em questão levanta-se, sai do já referido "quentinho", mete um casaco e sai para a rua, para brincar com o gelo!! Se fossem só as crianças eu até percebia, mas não! Jovens, adultos e mesmo os pensionistas, saem do conforto para meterem as mãos no gelo!! E como se isto não bastasse, ainda insistem em arremessar bolas de gelo aos seus semelhantes... e eles TUDO BEM!!!
Existe uma explicação plausível para este evento, felizmente consegui obtê-la, aliás, esta temática é alvo do meu interesse há cerca de... bem... mais 25 a dividir por 3... noves fora... ok, 5 minutos... Graças à ajuda do extremo-esquerdo da equipa de matrecos (a azulinha) da casa do povo de Doha (capital do Qatar), pude concluir que a neve é nem mais nem menos do que legiões de lemures anões que se congelam através de um processo criogénico, com vista a incutirem na cabeça dos seus alvos a noção de que "congelar é fixe" e que "a neve é porreira para ser atirada contra as outras pessoas". Até vos podia dizer como soube isto, mas depois tinha de vos matar e não me dá muito jeito fazê-lo, até porque da última vez que o fiz sujei os tapetes todos...

Não vou negar que até se fazem coisas catitas na neve e no gelo, como os bonecos de neve, as esculturas no gelo, o hóquei no gelo e até mesmo a patinagem artística... embora considere esta última apenas uma desculpa para se andar com collants justinhos a fazer figuras assim para o "apanascado"... (mas nem toda a gente é assim... pelo menos espero). Mas sinceramente, se eu quiser congelar as mãos não preciso de sair de casa... basta pô-las dentro do congelador durante umas horinhas... não é preciso mais.

Por isso portugueses... deixem a neve, isso não vos faz bem... vejam lá isso.


Mas podem deixar os pensionistas lá a brincar.



A sério, deixem-nos lá.



E tranquem a porta de casa, para que não entrem.


Por favor?



Tenham medo. Muito medo.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Dia 21 - O ano novo e tal...

É verdade, já passaram alguns dias desde a última vez que escrevi aqui alguma coisa, sabem como é, essa conspiração em massa que pretende dominar os intelectos e abafar as mentes criadoras com perguntas idiotas, os denominados "exames", juntamente com os trabalhos vão ocupando o meu tempo e não tem dado...
Mas enfim, comecemos então...

Não sei se já repararam, mas parece que estamos num novo ano, ouvi até rumores de que já não estamos no antigo, mas ainda não me confirmaram - para estes assuntos, eu só confio na opinião do texugo ancião da tribo de roedores padeiros de Balykchy, no Quirguistão (cuja capital é Bishkek) e parece que ele não tem saldo no telemóvel, por isso até lá não me acredito - mas continuando, uma das coisas que me intrigam nestas alturas é aquela mania que as pessoas têm de fazer promessas de melhoramento pessoal, do género "Neste ano novo vou deixar de fumar" ou então "Neste ano novo vou deixar de ser um idiota que passa os anos todos a prometer que vai deixar de o ser".
Eu até compreendo quando as pessoas dizem "Ano Novo, vida nova" e até percebo os que insistem que os dois ouvidos do Papa ocultam uma seita de cangurus pigmeus que planeiam dominar o mundo através do domínio estratégico das casas de fotocópias, isso não me provoca confusão nenhuma, a única coisa que me deixa fora de mim é:

Quem foi o génio que se lembrou daquela brilhante ideia de que, para entrarmos no ano novo bem e para que os nossos desejos se concretizem, é necessário colococarmo-nos em cima de uma cadeira e deitarmos à boca uma quantidade de uvas passas, pedindo um desejo à medida que as mastigamos uma a uma?
Qual é o propósito? Acham bonito, é? Por acaso pensam que o chão vai desaparecer quando o ano acabar e só sobreviverão as pessoas que estiverem em cima de cadeiras com um copo de champanhe na mão e um punhado de passas na outra?
Eu não censuro quem gosta de uvas passas, mas qual é a ideia de comermos algo que já "passou"? (Atenção, aproxima-se uma "indirecta" política) Faz tanto sentido como acreditarmos que alguém que, embora já tenha "passado" do prazo, ainda esteja apto para se candidatar a um lugar de responsabilidade na sociedade portuguesa. (... eu avisei.)

... e já que falamos de passas, o que é isso de "fruta cristalizada"?
Mas sobre a fruta cristalizada falarei mais tarde.

Quem é que foi o inventor destes ditos costumes e pequenos rituais? Alguém sabe? A sério, ninguém? Eu imagino a altura em que o tipo (ou tipa, vá lá) se sentou no sofá a pensar:
"Ok, vamos lá a ver... como é que se pode transformar uma simples passagem de ano numa festa cheia de coisas parvas?"
E então o já referido "tipo" (ou "tipa") liga a televisão. Ora o que é que dá 35 horas por dia nesta altura do Natal, em todos os canais? (Não, não é o Natal dos Hospitais, felizmente isso só dá um dia... ou dois, se os donos da estação forem sádicos...)

O CIRCO. Ora o que é que se vê no circo para além de pinguins, focas, palhaços, trapezistas, contorcionistas, domadores de leões, leões, caniches cor-de-rosa e políticos em fim de carreira? Malabaristas e equilibristas. E o que é que estes senhores fazem? Equilibram-se em cima de coisas e atiram cenas ao ar.
Então o "tipo" reúne os outros "tipos" e diz:
- Pessoal, tive uma ideia que vai revolucionar a forma como se celebra a passagem de ano a nível mundial e quem sabe a nível regional!
Ao que os outros dizem:
- Quem sou eu?
- Não me sabe dizer as horas, por favor?
- Não digam isto a ninguém, mas eu sou um perú disfarçado de Batmobile com influências de pepino, está bem?
E então o "tipo" diz:
- Vamos pôr o pessoal todo em cima de cadeiras com um copo de champanhe numa mão e outra coisa qualquer na outra! Que acham?

(Momento de silêncio)


- Não dizem nada?


(Ouvem-se três tiros)

... e isto passou-se. (ATENÇÃO: TROCADILHO SECO).... daí as uvas "passas".

E a programação televisiva?

A essa hora geralmente vemos uma ou mais personalidades televisivas em "alta borga" com mais pessoas - que nos dizem tanto como uma âncora nas costas - e estão todos com aquela cara de alegria e ansiedade em relação ao ano novo que se aproxima, quando na verdade já gravaram aquele programa umas semanas antes. E a parte pior é quando chega aquela altura do "10, 9, 8, 7, 6, 5, 4...". Aí as celebrações só são comparáveis a uma distribuição maciça de Prozac. Ficam todos de olhos perdidos a abraçarem-se como se isto tudo fosse uma alegria e o novo ano fosse trazer o fim para todas as tragédias que aconteceram, como a crise económica, os desastres naturais e o desastres provocados, como o capachinho do Marante e as piadas de Camilo.

Mas depois começa o ano e as coisas continuam iguais e apercebemo-nos que o pior não é vivermos num país cheio de problemas e contradições, mas sim termos estado cerca de 20 segundos em cima de uma cadeira a cantar "Ehhh, meu amigo Charlie"... sóbrios.


Tenham medo. Muito medo.