terça-feira, janeiro 15, 2008

Dia 48 - fumar acalma. Eventualmente.

Eu não fumo. Mas há quem fume. E isso é uma prova da existência da liberdade. Pelo menos alguma liberdade. Dizem muitas coisas sobre o conceito de liberdade e eu não vou ser mais uma pessoa a falar disso.

É inegável que o acto de fumar incorre em algumas consequências negativas para a saúde do sujeito que fuma ou que, de forma indirecta, inala o fumo consequente da combustão do tabaco e dos outros constituintes do cigarro. No entanto, as pessoas continuam a fumar. E pagam os maços de tabaco.

No princípio deste ano entrou em vigor uma lei que, em traços gerais, proíbe que se fume em locais fechados. Ou seja, tudo que esteja ladeado por paredes e encimado por um tecto tornou-se um local no qual é proibido fumar.

- Claro que entram aqui alguns pormenores sobre a área do espaço fechado e sobre a existência de equipamentos extractores do ar e não sei quê e outras cenas que ajudam a limpar o ar do espaço, a salvar as baleias e dar bom hálito aos professores de Físico-Química que nasceram no mês de Julho... mais coisa menos coisa, mas isso não interessa para o caso -

Mas voltemos ao assunto:

- A verdade é que, a partir de Janeiro, muita gente foi obrigada a ir matar o vício para as portas dos cafés, dos restaurantes, das empresas, das sedes de partido, dos bunkers secretos dos terroristas, dos hospitais. E a contestação não demorou a fazer-se ouvir: "Ai, porque apanhamos frio", "Ai porque nos estão a segregar", "Ai, porque me dói um pé", "Ai, porque desde que tive de remover cirurgicamente um pulmão, tenho muita tosse e se for fumar lá para fora, fico pior"... uma série de Ais que na mente de alguém faz sentido...

E aqui eu lanço uma pergunta: (não é mesmo aqui, é na próxima linha)

- Porque é que eu nunca vi reportagens nas quais foram entrevistadas pessoas que não fumam, sobre as vezes em que essas pessoas apanharam com fumo na cara quando almoçavam, quando conversavam num café qualquer ou mesmo das vezes em que chegaram a casa com a roupa a cheirar a tabaco?

A resposta de alguém que percebe disto será mais ou menos esta:
- Porque não é notícia. Não é novidade e logo não é noticiável.

Então, se seguirmos a lógica... não é novidade existirem faltas de respeito. O que está correcto, porque a história do mundo contemporâneo é pródiga em episódios de faltas de respeito. O nosso país começou com um filho a bater na mãe, e hoje ninguém se queixa (embora a senhora na altura se tenha queixado).

Mas calma, é claro que existem fumadores que até são boas pessoas (Da mesma forma que existem não-fumadores que até são bastante irritantes. E frequentam bares de karaoke, o que os torna ainda mais irritantes.). Eu conheço alguns. Os fumadores que até têm algumas noções de respeito demonstram a sua concordância com esta nova lei, mas não negam que é incomodativo terem de se deslocar para um outro sítio quando querem fumar. E têm toda a razão. Fumar à chuva, além de ser cansativo, é... molhado.

Não sei se já o disse hoje (estou cansado demais para ir ver o que escrevi atrás), mas a verdade é que o fumador é um indivíduo dependente de uma substância. E por se tratar de uma droga legal, isso não deve ser encarado como algo menos sério. Muitos fumadores precisam de ajuda para deixar de fumar. E a "ajuda" passa por coisas como pastilhas com nicotina, pensos com nicotina, consultas médicas, terapias e outras coisas que tal, nas quais é possibilitada ao dependente uma saída para o vício. Muita gente diz "basta haver força de vontade"... e há muita gente que diz "A minha mãe é um arbusto e eu falo com fadas"(não é muita gente, um par de pessoas, vá lá). Eu acho que depende muito de cada pessoa. No meu caso, não preciso de nada para deixar de fumar.

Confesso que gostei desta nova lei. Não é costume gostar de alguma coisa que saia da Assembleia da República (a não ser a Joana Amaral Dias em dias de sol), por isso isto pode ser um indício que as coisas estão a melhorar... não, deve ser engano.

Outra coisa que gostei nesta Lei é que a partir de agora, é provável que deixemos de ter uma época de fogos. Basta afixar nos pinhais um autocolante de "zona de não-fumadores. Ora, se não há fumo... não há fogo. Simples (e parvo, também).

Eu tenho algumas soluções possíveis para este embaraço:

(Ok, gente com dinheiro para investir em ideias, peguem nos blocos e apontem)

Porque não:

1. Fazer uma colónia de fumadores? Uma zona franca de fumo? O Hitler fez algo semelhante... mas com gás.

2. Trocar as folhas de tabaco por folhas de cicuta? Tem o mesmo efeito e é mais rápido.





Não sei... podia funcionar.





Tenham medo. Muito medo.

2 comentários:

B disse...

"A minha mãe é um arbusto e eu falo com fadas" - o par de pessoas que diz isto anda a fumar tudo menos tabaco.
Viva a nova lei! E sinceramente não quero saber para nada das queixinhas dos Fumadores... :p Querem fumar, fumem em casa.

Helena Borges disse...

o melhor de tudo é que ainda posso fumar em pelo menos um local fechado... O MEU QUARTO!!! pelo menos por enqt... =|

Percebo a nova lei mas... parece que daqui a pouco não vamos poder fazer mais nada neste país. Daqui a nada vamos ter a tal zona franca que tu falas mas mesmo ao estilo de Hitler...