quinta-feira, janeiro 22, 2009

Dia 59 - (Não) Quero ouvir!

Olá gente bonita, hoje cheiram particularmente bem. Isso é o quê, baunilha? Então não gosto. Mas vamos ao que interessa, pois então. Hoje vou falar sobre um recente fenómeno que tem muito de irritante e nem tanto de recente. O karaoke. Eu não nutro particular afeição sobre o karaoke. Porquê? Porque aquilo irrita-me, pronto.

Se o caro e perfumado leitor tem a felicidade de nunca se ter cruzado com este aparelho, ou como alguns lhe chamam, o "coisinho", então vou tentar explicar o que é o karaoke: É uma coisa que leva uns dvds lá dentro que passam a música sem a voz e apresenta como legenda a letra da música, convidando o participante a cantar a música em vez do vocalista, esse senhor que, com a excepção do Tom Waits e do Olavo Bilac, sabe cantar. No fundo do cenário com as letras aparecem paisagens, pessoas a passear à beira mar, qualquer coisa, desde que não tenha absolutamente nada a ver com a música. E é isto. Se forem à wikipédia encontram uma definição com base na raíz etimológica da palavra, mas não vale a pena.

O problema dos estabelecimentos que têm karaoke é - existirem? Bom palpite, mas quem está a escrever sou eu, por isso aninhem-se aí a um canto e leiam - que à entrada dão, por norma, um cartão de consumo. Não dão um microfone, por isso não somos obrigados a ir cantar. Mas o nosso corpo já vem equipado de fábrica com uns aparelhos de captação de som denominados de ouvidos. Claro que alguns até funcionam mal, outros até nem funcionam, infelizmente, mas se estamos num destes sítios, é nesta altura que pedimos ao Maior que nos forneça um botão de "mute". Porque há uma elevada probabilidade de estar alguém a cantar, perdão, a emitir um som parecido com o guincho de um besugo a ser violado por um Boeing 747. Não, por um TGV, às vezes confundo os dois sons. E nós temos de ouvir isso.

Neste momento ocorrem-nos dois pensamentos:
1 - Onde é o bar?
2 - Se eu atirar com esta cadeira aos olhos do tipo, será que alguém nota? - e então vemos o petroleiro com braços e pernas que se encontra à porta, e mudamos de ideias.

- E o que nos leva a entrar num bar, sabendo que por lá subsiste o karaoke?
O facto de termos amigos. E os nossos amigos apoiam-nos, aconselham-nos, divertem-nos e divertem-se connosco, resumindo, são nossos amigos, mas raios, alguns deles gostam de cantar em público. Ok, eu também gosto de cantar, mas quando oiço rádio no carro, ou quando estou sozinho a escrever disparates num qualquer blog, ou então na banheira. Um dia hei-de tentar perceber porque é que gostamos de cantar na banheira. Há qualquer coisa em estar nu, com champô nos olhos, num sítio húmido que faz eco que nos leva a cantar, mas ainda não sei bem o quê. Adiante com o texto.

E lá estamos nós. Sentados num sítio escuro - sim, porque bar que é bar tem de ser escuro, deve ser uma forma de parecer acolhedor. Ou então uma forma de esconder as nódoas do sofá onde estamos - a ver o indivíduo com o micro a assassinar qualquer música, talvez a "Canção do mar" da Dulce Pontes, ou o "Papel principal" da Adelaide Ferreira, ou qualquer coisa do Pedro Abrunhosa ("Ok, se ele fala, eu consigo fazer melhor"). Porque existem aquelas músicas típicas de karaoke. Quase de certeza que as vamos ouvir naquela noite, talvez até mais do que uma vez. É a chamada "tortura selectiva". Voz desafinada + criatividade microscópica = cliente habitual do karaoke. Creio que secretamente desejam que o cantor os encontre e os convide para fazer parte da banda, ou então que lhes pague para nunca mais fazer aquilo à música dele. É provável.

Nestas situações podemos sempre contar com o álcool. Além de desinfectar feridas, ainda ajuda a tolerarmos aquilo. Não estou de forma nenhuma a advogar o consumo de álcool. Ok, talvez um bocadinho, mas é sem querer, por isso não conta. A verdade é que, depois de uns copos, talvez levados pela euforia de quem gosta daquilo, lá estamos nós a bater palmas e a cantar em coro o refrão. E eventualmente vamos buscar o livrinho com as músicas. E escrevemos no papelinho o nome de uma das musiquinhas, seguido do nomezinho dos tipos que vão para lá cantá-la (o karaokezinho adora os diminutivos, mas só um poucoxinho). E antes de percebermos, estamos a caminho do palco, com mais gente, de preferência, para cantar alguma coisa.

O que é que aconteceu? Pois, não sei. Mas vou tentar adivinhar a razão: Talvez por estarmos habituados a ouvir a nossa voz vamos para lá, para evitar que mais alguém nos torture e para lhes darmos a provar o próprio veneno. Como a ignorância é uma benção, deixem-me acreditar nisto um bocadinho.



Pronto, já está. De volta à realidade.


Quer se goste quer não, o karaoke é um fenómeno de popularidade. Tudo bem, mas nem tudo o que é popular é necessariamente bom. Vejam o exemplo da Inquisição, juntava muita gente, mas no fim alguém saía queimado.

(Pestanejem várias vezes, vão ver que a última frase não aconteceu)

Hoje em dia, alguns artistas fazem edições dos seus álbuns com faixas em karaoke, para obedecer ao gosto da população... ok, sejamos sinceros, é mesmo para vender, que isto anda mau para todos, e a crise e não sei quê, e valha-nos o menino Jesus nas palhas deitado, nas palhas estendido, e esses gajos que governam só querem é poleiro, se fossem mas é trabalhar é que era, haviam de apanhar todos os dias três autocarros e dois metros para ir para o trabalho, para ver o que custa os bandidos... patifões, é o que são.

... já passou.

E isso vende, há pessoas a gastar o seu guito para ter em casa uma música inteira sem a voz do artista. Compreendo em parte, porque há artistas que cantam mal, mas para isso há uma solução mais eficaz: Não ouvir o senhor. Eu acho que os músicos deviam incluir um endereço de e-mail nesses álbuns a dizer: "Se acha que consegue fazer melhor, grave a sua versão e envie". A melodia pode ser boa, e eu prefiro acreditar nesta hipótese a crer que as pessoas compram aquilo para cantar em casa. Acima de qualquer pensamento estratégico que possa haver por parte das editoras, é de salientar a preguiça do cantor:
"Eu gostava de incluir neste álbum uma parte em que todos mostrem o seu melhor. Assim uma cena que valha a pena ouvir. Por isso vou ficar calado e depois pomos umas legendas com aquilo que era suposto eu dizer. Até dá para os cidadãos que não conseguem ouvir. Era giro vê-los nos meus concertos a abanar as mãozinhas, que é como eles fazem quando querem bater palmas... é é, que eu sei."

Para concluir, meus fofinhos, vou deixar uma possível teoria da conspiração que explique o porquê da popularidade do karaoke. Não vai fazer sentido, vai ser parvo, mas já sabem, daqui não podem esperar grande coisa. Cá vai:
O karaoke é, como a palavra abracadabra, uma junção de vários termos em pagão antigo com toques de pagão moderno, polvilhado com estrangeiro em cima, que depois vai a dourar meia hora no forno até cheirar a alho, cujo significado é "Torturo-te agora, para torturares depois". Ou é isso ou é "Ontem comi um yogurte que me fez mal".

Para todos os que costumam frequentar as festas de karaoke, parabéns, vocês são uma prova da liberdade de expressão. Pode não ser bonito o que vos sai da boca, mas não é proibido. O que me deixa intrigado: Porque é que o karaoke é popular na China?

(Ok, lá é fácil ser popular, até a República é...)

Beijinhos e já sabem que gosto muito de todos vocês. Menos de ti. E de ti, que cheiras a baunilha.

Encontrei este provérbio na internet: "A cabeça de besugo come o sisudo, e da boga dá a sua sogra" - Mas que raio é que isto quer dizer?

Não vale a pena tentarem explicar, porque já é tarde e pode aparecer o Papão. Ou o filho dele, o Papinho.

Tenham medo. Tenham muito medo.

(Abanar as mãozinhas, que é como quem bate palmas)

3 comentários:

Há_Dias disse...

Adorei a da inquisição, bastante subtil...

Dá proxima vez, vai ser Tunas para dar e vender.... ehehee

j. disse...

uhmmm mas singstar é outra coisa né?! lolol MASSSSSSSSSSSSSSSSSSS!

=)

JK disse...

Claro, sem esquecer o "AHAAA!" do Lou Bega no Mambo nr.5.

:) * e []