sábado, fevereiro 14, 2009

Dia 64 - enquanto não tenho nome para isto...

E a saga continua...

To be or not Tobias.

"Acordo com 22 badaladas. Dói-me a cabeça e não sei onde estou. Amarraram-me a uma cadeira de vime. No canto um macaco vestido de Charlot toca violino.

Como é que vim aqui parar? A última coisa de que me lembro é estar sentado à mesa, a jogar poker com os cães do Coolidge. O boxer tinha um ás escondido na bochecha, mas apesar da batota, já tinha do meu lado 3 coleiras e a hipoteca da casota do mais pequeno.

Os momentos seguintes são folhas soltas no arquivo do esquecimento. Só sei que agora estou neste cubículo húmido com cheiro a peixe, preso e despojado de roupas. A única luz vem de um pequeno vidro no canto.

'Devias ter ouvido o aviso.'

-'Não falo com vozes que vêm da parede'

'Vá lá.'

-'...'

'Oh anda... já tinha coisas preparadas para dizer.'

-'Ok, desta vez pode ser. Diz.'

'Boa! Cá vai... (ahem!) tu e a tua mania de atrapalhar a minha vida! Sempre intrometido nos meus assuntos, a prender os meus homens, a dormir com as minhas mulheres...'

-'A culpa não é minha. Onde é que arranjaste o macaco?'

'Nos pacotes dos flocos. Enviei dois códigos de barras e escrevi uma frase sobre o Verão. Preferia a flauta de pã eléctrica.'

-'Estou a ver.'

'Mas isso agora não interessa. É a última vez que me incomodas! Vais ficar aí para sempre! Devias ter fugido enquanto tiveste oportunidade...'

-'Mas deste-me 5 dias.'

'Hmmm... pois dei, não me tinha lembrado disso. Mas mudei de ideias e agora apanhei-te! Toma!'

-'Deixa-me adivinhar... e agora a cidade vai ser toda tua, e depois da cidade, o mundo?'

'Não! Quer dizer, se calhar sim, ainda não pensei muito nisso. Mas agora vais morrer!! Ha ha ha ha ha!''

-'Não, não vou.'

'Porquê? Claro que vais!!'

-'Não. E pára de berrar que me dói a cabeça.'

'Desculpa.'

-'Não penses mais nisso. Olha, a conversa não está má, mas tenho frio, por isso vou andando, está bem?'

'Já te esqueceste que estás amarrado à cadeira?'

-'Sim, mas é uma cadeira niilista, logo... não existe.'

'Isso não faz sentido!! Isso é uma cadeira normal!'

-'É a tua opinião.'

Encontrei a porta e saí. O macaco trepou para o meu ombro e começou a tocar Bach.

-'Espero que tenhas dinheiro para o táxi.'

Está um dia mau para se passear nu."

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