E a saga continua...
To be or not Tobias.
"Acordo com 22 badaladas. Dói-me a cabeça e não sei onde estou. Amarraram-me a uma cadeira de vime. No canto um macaco vestido de Charlot toca violino.
Como é que vim aqui parar? A última coisa de que me lembro é estar sentado à mesa, a jogar poker com os cães do Coolidge. O boxer tinha um ás escondido na bochecha, mas apesar da batota, já tinha do meu lado 3 coleiras e a hipoteca da casota do mais pequeno.
Os momentos seguintes são folhas soltas no arquivo do esquecimento. Só sei que agora estou neste cubículo húmido com cheiro a peixe, preso e despojado de roupas. A única luz vem de um pequeno vidro no canto.
'Devias ter ouvido o aviso.'
-'Não falo com vozes que vêm da parede'
'Vá lá.'
-'...'
'Oh anda... já tinha coisas preparadas para dizer.'
-'Ok, desta vez pode ser. Diz.'
'Boa! Cá vai... (ahem!) tu e a tua mania de atrapalhar a minha vida! Sempre intrometido nos meus assuntos, a prender os meus homens, a dormir com as minhas mulheres...'
-'A culpa não é minha. Onde é que arranjaste o macaco?'
'Nos pacotes dos flocos. Enviei dois códigos de barras e escrevi uma frase sobre o Verão. Preferia a flauta de pã eléctrica.'
-'Estou a ver.'
'Mas isso agora não interessa. É a última vez que me incomodas! Vais ficar aí para sempre! Devias ter fugido enquanto tiveste oportunidade...'
-'Mas deste-me 5 dias.'
'Hmmm... pois dei, não me tinha lembrado disso. Mas mudei de ideias e agora apanhei-te! Toma!'
-'Deixa-me adivinhar... e agora a cidade vai ser toda tua, e depois da cidade, o mundo?'
'Não! Quer dizer, se calhar sim, ainda não pensei muito nisso. Mas agora vais morrer!! Ha ha ha ha ha!''
-'Não, não vou.'
'Porquê? Claro que vais!!'
-'Não. E pára de berrar que me dói a cabeça.'
'Desculpa.'
-'Não penses mais nisso. Olha, a conversa não está má, mas tenho frio, por isso vou andando, está bem?'
'Já te esqueceste que estás amarrado à cadeira?'
-'Sim, mas é uma cadeira niilista, logo... não existe.'
'Isso não faz sentido!! Isso é uma cadeira normal!'
-'É a tua opinião.'
Encontrei a porta e saí. O macaco trepou para o meu ombro e começou a tocar Bach.
-'Espero que tenhas dinheiro para o táxi.'
Está um dia mau para se passear nu."
To be or not Tobias.
"Acordo com 22 badaladas. Dói-me a cabeça e não sei onde estou. Amarraram-me a uma cadeira de vime. No canto um macaco vestido de Charlot toca violino.
Como é que vim aqui parar? A última coisa de que me lembro é estar sentado à mesa, a jogar poker com os cães do Coolidge. O boxer tinha um ás escondido na bochecha, mas apesar da batota, já tinha do meu lado 3 coleiras e a hipoteca da casota do mais pequeno.
Os momentos seguintes são folhas soltas no arquivo do esquecimento. Só sei que agora estou neste cubículo húmido com cheiro a peixe, preso e despojado de roupas. A única luz vem de um pequeno vidro no canto.
'Devias ter ouvido o aviso.'
-'Não falo com vozes que vêm da parede'
'Vá lá.'
-'...'
'Oh anda... já tinha coisas preparadas para dizer.'
-'Ok, desta vez pode ser. Diz.'
'Boa! Cá vai... (ahem!) tu e a tua mania de atrapalhar a minha vida! Sempre intrometido nos meus assuntos, a prender os meus homens, a dormir com as minhas mulheres...'
-'A culpa não é minha. Onde é que arranjaste o macaco?'
'Nos pacotes dos flocos. Enviei dois códigos de barras e escrevi uma frase sobre o Verão. Preferia a flauta de pã eléctrica.'
-'Estou a ver.'
'Mas isso agora não interessa. É a última vez que me incomodas! Vais ficar aí para sempre! Devias ter fugido enquanto tiveste oportunidade...'
-'Mas deste-me 5 dias.'
'Hmmm... pois dei, não me tinha lembrado disso. Mas mudei de ideias e agora apanhei-te! Toma!'
-'Deixa-me adivinhar... e agora a cidade vai ser toda tua, e depois da cidade, o mundo?'
'Não! Quer dizer, se calhar sim, ainda não pensei muito nisso. Mas agora vais morrer!! Ha ha ha ha ha!''
-'Não, não vou.'
'Porquê? Claro que vais!!'
-'Não. E pára de berrar que me dói a cabeça.'
'Desculpa.'
-'Não penses mais nisso. Olha, a conversa não está má, mas tenho frio, por isso vou andando, está bem?'
'Já te esqueceste que estás amarrado à cadeira?'
-'Sim, mas é uma cadeira niilista, logo... não existe.'
'Isso não faz sentido!! Isso é uma cadeira normal!'
-'É a tua opinião.'
Encontrei a porta e saí. O macaco trepou para o meu ombro e começou a tocar Bach.
-'Espero que tenhas dinheiro para o táxi.'
Está um dia mau para se passear nu."
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