quarta-feira, junho 16, 2010

Dia 71 - VOOOOOOOOOOOOOOO

Voltei! E este será provavelmente o último ponto de exclamação que este texto terá. Ou talvez não, porque tenho muito pouca autoridade sobre mim mesmo. Sendo que é nesta altura que devo lançar o tema de hoje, acho que é melhor não facilitar e pimbas no assunto.

Confesso que estava para falar do CSI, até estou a ouvir um best of dos The Who - Os quem? - perguntam vocês. Exacto. E não faltam coisas para falar sobre o CSI. Mas não vai ser hoje.

Porque hoje quero falar do Mundial de Futebol. Não há tema que resista ao Mundial de Futebol, mesmo que se queira: Há dias atrás estava num casamento e no meio da coreografia que toda a gente da Igreja conhece, com excepção deste que vos fala baixinho, num murmurar parecido com o bater indiscriminado em teclas de teclado, que segue o exemplo da pescada, pois antes de ser já o era... ora bem, onde é que eu estava? Ah, sim, sabem aquelas partes em que o padre diz uma frase e toda a gente responde em coro? Sim senhor, bem giro, mas não apanho uma. Só acerto na parte do fim em que devemos saudar os nossos próximos, o que geralmente se resume ao banco em que estamos ou perto disso. Nas primeiras vezes ainda saía da Igreja para cumprimentar as senhoras que estavam na porta à espera da missa seguinte, inclusive até lhes contava o final para estragar a surpresa ("E no fim o senhor dá bolachas"), mas depois aprendi.

Estou a brincar, claro. Eu não saio à rua.

MAS como estava a dizer, no meio da cerimónia de casamento o padre conseguiu fazer um paralelismo entre o Mundial de futebol e a "equipa que deverá ser o casal para conquistar diariamente o troféu do Amor", mais coisa menos coisa, posso estar a confundir com uma música do outro senhor que canta o Burrito.
Pois bem, caro pároco, o futebol tem 11 de cada lado - inserir piada fácil: se equiparmos de vermelho e branco tem 14 - fim de piada fácil - , equipas de 2 é só no badminton a pares e no vólei de praia (se não contarmos os outros desportos todos). Até o Curling (o do gelo, não o dos cabeleireiros) tem mais gente. A varrer gelo, veja lá. Mas boa tentativa, estou curioso para saber o que diria se estivesse a decorrer o Salão Erótico.

Mas adiante, isto do Mundial traz alegria ao mundo. Acho eu, é o que dizem, pelo menos. É de destacar a capacidade de reunir muitas culturas no mesmo espaço: portugueses a beberem cerveja que foi inventada lá para os lados da Babilónia, sentados em cadeiras do IKEA (que é um país por si só) em frente a um plasma made in China que mostra senhores de dois países - o Nosso e o Estrangeiro. E podia continuar por aqui, mas não quero.
E a diferença de fuso horário, hã? Para além de ser uma boa desculpa para não pensar em trabalho, faltar às aulas, etc... é bom para os jornalistas. Eu gosto de jornalistas. Um jornalista com coisas sobre as quais falar é um jornalista feliz. Eles podem passar o dia a antecipar o que vai acontecer e complementar o resto do dia a falar de tudo que os 90 minutos em campo não mostraram. Se não houver jogos fala-se sobre o que aconteceu ontem e prevê-se o que vai acontecer no dia seguinte.

Se juntarem a isto tudo as gadgets que se inventam para falar sobre a bola, então aí temos o melhor jornalista: O jornalista-gajo. O jornalista-gajo gosta de coisas que piscam e gosta não só de mostrar que percebe da bola, mas que também sabe mexer nos bonecos. Temos aqueles ecrãs que projectam bolinhas no campo, desenham linhas dos foras-de-jogo e as linhas de passe, medem a temperatura da relva, contam os quilómetros percorridos, os litros de suor devidamente suado, quem correu mais, a velocidade do remate, quem não foi votar nas últimas legislativas, as zonas mais povoadas no campo, entre outras coisas. E lá passam os senhores uma hora e tal a falar das plataformas giratórias no meio-campo, nos passes de ruptura, nas valências técnico-tácticas das peças mais móveis do esquema ofensivo com linhas de transição nas alas por método de ponto-cruz com triplo mortal em marcação à zona.

Se fosse outro gajo e não gostasse daquilo diria que é só futebol. O futebol é mais do que "22 marmanjos atrás de uma bola", é um desporto que move milhões e emoções, é catártico e fantástico, fenomenal e outra coisa quem acabe em -al. Se o caro leitor não gostar de futebol, é só trocar por outra palavra bonita, como "ignomínia" ou "rendas de bilros".

Podia dar-me para moralismos e dizer que isto nos tapa os olhos da questão essencial, dos impostos, daquela confusão que anda lá na política, das reformas, das PME's, da mancha do pitróil e do que será feito da Soraia Chaves, mas isso não iria adiantar de nada, porque quem quer mesmo saber sabe, e quem não quer fica-se pelas expressões do costume: "São todos iguais, só querem é poleiro, era cortá-los às rodelas e fazer kebab's para dar aos meninos em África".

Já agora, sabem onde é que se arranja um ecrã daqueles?

Não queria terminar sem falar das vuvuvuvuvuvuvuvuvuvuzelas, mas vai ter de ser porque não consigo pensar com o barulho. Vá, só um bocadinho então: QUAL É A IDEIA?

Em Portugal assiste-se a um ciclo bonito - Temos uma petrolífera que dá aquelas coisas ao mesmo tempo que aumenta sistematicamente o preço da gasolina, de modo a que se as pessoas quiserem protestar já podem fazer buzinões sem precisarem de tirar o carro da garagem ou da loja de penhores. Mais gente na rua de gaita na boca é positivo para a consternação, logo temos: protesto bonito, barulhento e barato.

Não acham curioso que a forma escolhida para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis seja ir para a estrada andar devagarinho... no carro?

Um dia falo sobre a quantidade de treinadores de bancada que por aí pululam. No fim do jogo.


Tenham medo!!! Tenham muito medo!!!!


(Sacana...)

3 comentários:

Sara disse...

"E lá passam os senhores uma hora e tal a falar das plataformas giratórias no meio-campo, nos passes de ruptura, nas valências técnico-tácticas das peças mais móveis do esquema ofensivo com linhas de transição nas alas por método de ponto-cruz com triplo mortal em marcação à zona."

Ri-me tanto com isto! =D

Anónimo disse...

cara muito legal

Daniela disse...

E o medo voltou.
Devo confessar que sempre que ouço falar, penso (não sei porque haveria de pensar em tal coisa) ou sou convidada para um casamento lembro-me do teu post sobre o Rei dos Teclados aka Lord of the Keyboards.
(In)felizmente acontece com frequência :)