sábado, março 11, 2006

Dia 26 - Abram alas...

Pois é, eu disse que ia falar dele, e cá está...

Para os possíveis leitores que lêm este blog, se porventura têm andado conscientes nos últimos três anos, mais coisa menos coisa, decerto terão notado o aparecimento de um "fenómeno"(se é que posso utilizar esta palavra) nos desenhos animados. É pequeno, tem olhos esbugalhados e tem um ar assim para o... pronto, parvo. (Não, não estou a falar do Marques Mendes.)
Pronto, para não me delongar mais, eu digo quem é:

O Noddy.

O Noddy é um desenho animado estranho. Podia dizer-vos porquê, mas não me apetece. Quer dizer, basta ver dois minutos daquilo para percebermos que algo está mal.

Analisemos:

A série começa como qualquer outra série de animação. Eles lá inventam ou adaptam para português a música original da série e pronto... "Abram alas para o Noddy... lala la la la laaaa - complementada com buzinas - Abram alas para o Noddy... lala la la la laaaaaa (num tom abaixo) e etc...", e vemos lá o coitadito a andar de um lado para o outro, enquanto passa pelas restantes personagens. Esta é uma das formas mais clássicas de apresentar as personagens de uma série e manter o dinamismo do programa.

"- Mas até agora tudo bem. Não há nada de novo... mas porque raio estou eu a perder o meu tempo a ler este texto? " - perguntam-se vocês. E eu respondo:
- Não faço a mínima ideia.

Continuando...
É a partir da altura em que começamos a observar as acções do "coiso" que surgem as questões...
- Alguém me explica porque é que aquele ser é o único da cidade a ter um carro e um avião?
- Será que se comer tremoços com leite condensado, me transformarei no Super Espinafre, esse defensor das quenopodiáceas, das leguminosas e hortaliças em geral?
- E porque é que aquele polícia redondo não o multa nem o espanca até à morte, quando ele quase o atropela, mesmo em cima de uma passadeira?
- Que conteúdos ocultam aqueles embrulhos suspeitos que o.... pronto, vocês já sabem quem é... anda a distribuir pela cidade?
- Porque é que eu ando a perder o meu tempo a conjecturar sobre uma série de animação?

E mais questões, que não coloco aqui, porque não me apetece.

Desde então, tenho ocupado grande parte do meu tempo (pronto, 10 minutos) a estudar esta questão e há uns tempos atrás tive uma revelação, uma espécie de epifania aquando do começo de mais uma história do aparentemente inofensivo gnomo, ou lá o que aquilo é.

É chocante, pode abalar com algumas concepções dos caros leitores e até pode fazer lacrimejar os mais sensíveis, mas cá vai.
O Noddy é, nem mais nem menos, que um vendedor de estupefacientes, um dealer, que através dos seus contactos com aquele anãozinho que aparece sempre rodeado de fumos azuis, exerce uma ditadura de medo na denominada "cidade dos brinquedos".
"- Mas e a polícia, não faz nada?"
A polícia não o prende porque ele suborna-os com aqueles pacotes que o vemos entregar logo no início da série... não acham estranho só existir na cidade inteira UM polícia, e ser logo aquele?

De momento os leitores mais sensíveis e defensores do bom-senso podem estar a pensar:
" - Ah e tal, mas o Noddy é um simples taxista, que vai entregando encomendas importantes aos habitantes daquela cidade! Os maus são aqueles dois gnomos que andam lá sempre a fazer 'malandrices', esses sim é que deviam ser o alvo das tuas críticas, Oh tu!"

Pois saibam esses dois gnomos são agentes à paisana que continuamente vão vendo frustrados os seus planos de captura desse barão da Droga, em virtude do conluio que este mantém com as forças policiais locais.

Ah, e a aquela macaca e a outra miúda, cujos nomes não vale a pena revelar, são as guarda-costas do "coisinho".

É necessário que estas verdades sejam reveladas. Não podemos deixar que os pequenos infantes portugueses cresçam com este tipo de modelos.
Mães, olhem duas vezes antes de atravessar a rua. Reflictam se expôr as vossas crianças a sessões contínuas de auto-flagelação com tortas de morango e beterrabas azuis-escuras não será uma alternativa mais saudável à visualização dos actos desta personagem sombria.

Por muito estranho que pareça, Eles não estão envolvidos nisto.
Ainda não descortinei qual é a participação dos pensionistas nesta questão, se alguém souber, pode deixar a sua contribuição na zona dedicada ao efeito.

Hoje o Noddy... amanhã o Mundo.

Tenham medo. Tenham muito medo.

quinta-feira, março 02, 2006

Dia 25 - Ninguém leva a mal... pois

Pois é, eu sei que já se passaram alguns dias desde a última vez que escrevi, e supostamente era neste espaço em que diria alguma coisa que justificasse a minha ausência do panorama bloguístico, ou então eu podia desculpar-me com um qualquer ataque em massa de máquinas de venda automática ao mundo das leguminosas e angiospérmicas em geral... mas NÃO! Não vou recorrer a esses subterfúgios, vou simplesmente justificar-me com um "Não me apeteceu".
Mas pronto, sigamos em frente....

Caso não tenham reparado, os últimos dias foram preenchidos pela celebração de um fenómeno a que alguns se atrevem a chamar de "Natal sem as prendas, sem o subsídio, sem o pinheiro, sem o Pai Natal, sem as renas, sem as férias e sem o bacalhau", e existem até aqueles que o chamam de "aqueles dias estranhos em que o pessoal sai de casa para ir para à rua para voltar mais tarde a casa depois de sair da rua". Eu, particularmente, gosto de o chamar de, simplesmente, "Entrudo". Ou então "Carnaval".
Muito bem, os caros ... 3 leitores que neste momento perdem o seu tempo a ler estas linhas devem estar a pensar:
"- Oh pá, este gajo já se calava com estas manias da conspiração. O que será que ele vai inventar para denegrir tão importante época de celebração e maluqueira?"

O Carnaval é giro... no Brasil. E porquê no Brasil? Porque lá está calor! Tem praias! Há o samba! Há biquinis de fio-dental que têm o hábito de habitarem os corpos que andam por lá, corpos esses repletos de curvas e contra-curvas - que lhes ficam terrivelmente bem - !

Basta ver na televisão a cobertura do Carnaval do Rio... existem dois tipos de fatos usados... ou são aqueles adornados com tudo e mais alguma coisa (suspeito que alguns daqueles fatos têm mesmo auto-rádio) e que tapam o corpo todo com penas gigantes, araras e texugos cor-de-rosa em PVC, ou então eles optam por usar... nada. Estes últimos são, sinceramente, os meus preferidos... haja saúde.

E qual é a melhor forma de Portugal festejar o Carnaval? Imita os brasileiros!!

Senhores que mandam nessas cenas do Carnaval e não sei quê...
JÁ REPARARAM QUE EM PORTUGAL ESTÁ UM FRIO DO CARAÇAS PARA O PESSOAL ANDAR NA RUA VESTIDO SÓ COM PULSEIRAS E COLARES? O PESSOAL ANDA ASSIM NO BRASIL PORQUE LÁ, acreditem ou não, ESTÁ CALOR!

Não, não estou contra os trajes minimalistas, antes pelo contrário, mas há zonas em Portugal nas quais nevou há poucos dias! A neve é fria, acreditem ou não.

Claro que existem as alas mais conservadoras, ou lá como queiram chamar, que optam por fazer um Carnaval tradicional, com os ditos "Gigantones"(aqueles bonecos com uma cabeça enorme, em que só se vêm uns bracinhos em baixo a abanar), ou então aqueles tipos que se vestem com uns fatos cheios de fitas coloridas e com uma máscara e andam a fazer "tropelias" (como eles gostam de chamar) pelas ruas das aldeias... e depois existem aquelas cerimónias de "enterro de qualquer coisa" em que eles queimam numa fogueira uma qualquer personagem (representante de algo) e conseguem arranjar maneira de lançar críticas à sociedade em geral enquanto a enterram... (a cena, entenda-se).

Não tenho nada contra este tipo de celebrações, é uma boa forma de exorcizarmos os nossos demónios pessoais, aliás eu também tenho um (o Arnoldo), e um dia destes ou o exorcizo à estalada ou então jogo à Batalha Naval com ele até um de nós começar a cheirar a Cheetos.

Até agora, tudo bem, mas qual é a ideia de porem PENSIONISTAS VESTIDOS DE NODDY a desfilarem pelas ruas, hã? Acham bem traumatizar as crianças e quaisquer outros espectadores que tenham um QI e uma sensibilidade visual superiores a uma batata? É mesmo necessário vermos aquilo? E, como se isto não fosse suficiente, porque é que existem aqueles senhores que insistem em se vestir de mulheres e desfilam pelas ruas? "É para a loucura e para a maluqueira", dizem eles, "Isto é só uma vez por ano", "A gente veste-se assim porque gosta de borga e de CORTIR (leram bem, é 'cortir' mesmo), e a gente somos homens à mesma, isto das mini-saias e do batom fica só cá fora"

===Parte assim mais para o sério e, quidsapit (quiçá), de pendor crítico do post:===

Eu não pretendo criticar ou mesmo pôr em causa a masculinidade de tais seres, mas se querem ser mulheres, nem que seja uma vez por ano, porque é que não fazem a depilação, ou vão passar um dia inteiro num qualquer shopping a visitar trezentas lojas nas quais experimentarão no mínimo 5 peças e farão comentários depreciativos às outras senhoras presentes em virtude ou do decote que apresentam (o qual vocês consideram "escandaloso") ou do seu excesso de peso, quem sabe para esconder os vossos próprios defeitos. Ou então porque não experimentam ter um filho, sei lá, qualquer coisa que vos faça dizer mais tarde "EU FUI UMA GAJA POR UM DIA!"... qualquer coisa... menos andar na rua vestidos assim... vejam lá isso, pensem nas crianças... elas são o futuro... são os futuros idiotas que governarão este pobre e coitado país à beira-mar plantado, são os futuros homens-bomba que se converterão ao Islão só por causa da porcaria de um inofensivo cartoon e decidirão transformar um autocarro num cenário de destruição... só porque sim (bem, se fosse um autocarro recheado de pensionistas vestidos de Noddy... até era giro...).

===Fim da altura supra-referida.===

Para concluir, isto do Carnaval até é giro, não o nego, mas não ficava nada mal adequarmos as celebrações à nossa sociedade e à nossa capacidade de nos divertirmos, mesmo quando tudo à nossa volta é sombrio. Para quê imitar e trazer vedetas internacionais para cá, quando temos "palhaços" tão interessantes mesmo no nosso quintal?

Ah, e quase me esquecia... quem é que inventou aquele dizer: "É Carnaval, ninguém leva a mal!" De facto não existe uma melhor justificação para o conformismo...
- Temos um défice lixado e andamos a pagar impostos em demasia? Deixem lá... é Carnaval, ninguém leva a mal!
- Temos um esquilo albino a nascer-nos nas orelhas e, mesmo sabendo isto, o Marante continua a lançar discos e a acreditar que o capachinho dele um dia se fundirá à sua testa de vez? Esqueçam isso, é Carnaval, ninguém leva a mal!


E podia continuar... mas não quero...

Bem, por hoje já chega...


... mas isto do Noddy ficou a moer cá dentro... um dia eu revelo os podres por baixo daquele gorro azul...


Ai Noddy... Noddy...


Tenham medo. Tenham muito medo.