segunda-feira, dezembro 10, 2007

Dia 46 - E mais uma vez, o Natal...

É verdade, já não escrevo umas linhas aqui há algum tempo, mas como acho que tenho mais jeito para escrever palavras, vou continuar...

Hoje vou escrever esta questão do Natal. Já devo ter referido este tema há uns tempos atrás, mas como não me lembro da última vez que escrevi alguma coisa de relativo interesse, vamos lá a ver se é desta (desenganem-se, não vai ser desta, mas bons pretextos para escrever alguma coisa são raros, por isso, dêm-me um desconto, ok? E como é Natal até faz algum sentido. E daí, talvez não. Mas fechemos os parêntesis...).

Já repararam que cada vez mais se festeja o Natal ... mais cedo? Em meados de Novembro as pessoas já colocam os enfeites nas lojas e nas ruas, parece que têm pressa para que o Natal chegue? E porquê? - perguntam vocês. Tenham calma, vão lendo que acabam por descobrir a resposta...

Vocês já pensaram na quantidade de coisas absurdas que aparecem na época do Natal? Ora bem, temos...

1. Uma avestruz falante.
2. Uma hipopótama que canta e dança Hip-Hop(ótamo, no caso dela).
3. Pais Natal pendurados, janela sim, janela não, em cada casa.
4. _____________ (Item a preencher pelo caro leitor)

E há ainda uma parafernália(gosto desta palavra) de itens relacionados com o Natal - desde

- luzinhas das mais variadas cores, tamanhos e feitios, que ainda por cima dão músicas de Natal;
- Pais Natal em tamanho real que dançam quando as pessoas passam por eles;
- Gorros de Pai Natal com luzinhas que piscam;
- Gorros de Mãe Natal com tranças e luzinhas;
- Armações de renas, de tamanhos variados ...

... e há pouco tempo vi uma miniatura de um pinheiro com o velhinho de barbas agarrado a ele apenas com os braços... e a agitar as pernas freneticamente ao mesmo tempo que executa movimentos pélvicos contra a supra-citada árvore...

E qual é a parte mais parva disto tudo? É que um gajo paga para ter ou usar estas coisas. Somos conscientemente parvos... e não nos importamos com as figurinhas que fazemos. "Afinal, é Natal... ninguém leva a mal". Lá está, eu acho que só procuramos pretextos para fazer figurinhas tristes...

Chega o Carnaval, PIMBAS, lá estão meia dúzia... de milhares de pessoas a "soltar a franga" (expressão inédita neste blog... e será provavelmente a última vez que a usarei, salvo se estiver a falar de uma possível libertação de galináceos). E no Dia das Bruxas, que é tão tradicional aqui em Portugal como a Vodka, já se vêm uns tipos vestidos de outra coisa qualquer... só para se sentirem noutra pele... assim, é uma espécie de operação plástica temporária...

Teremos assim tantos problemas em nos sentirmos bem na nossa pele?

Será que é para isso que antecipamos estas alturas?

Será que daqui a uns tempos vamos ter um Pai Natal... surfista? Ou a vender gelados na praia em pleno Agosto? Afinal só faltam 4 meses para o Natal...

Mas voltando à questão do Natal... irrita-me aquela presunção típica das épocas ditas "grandes" - Tudo tem de ser "de Natal" - Temos cds de música "de Natal", temos decorações "de Natal", temos doçaria "de Natal", temos o Pai "de Natal" (afinal o velhinho é de uma família de bem... é o S.Nicolau, um nome de si já extremamente "in", melhor mesmo só Salvador, Bernardo ou Baltazar... mas esse já era Rei Mago, por isso não dá... mas esqueçam isto, voltem ao que estava antes dos parêntesis), e temos ainda a árvore "de Natal". Oh amigos, o pinheiro já existia muito antes de ser celebrado o Natal... e ainda estou para perceber porque usamos itens que são típicos do Natal Pagão no dito "Natal Católico" (sim amigos... pinheiro, bolas e sininhos... isso não estava no estábulo quando o JC nasceu - atenção, não se chateiem comigo, JC é para os amigos... e sempre me dizeram que "Jesus, o Cristo" é amigo de todos nós).

E depois ainda se admiram que os putos se sintam confusos:
- Cumé? Afinal, é o menino Jesus que traz as prendas ou é o Pai Natal? 'Dasse, acho que vou esquecer estes tipos e pedir à Leopoldina ou à "Popopopopopopopopopopopopo 'Taaaa" qualquer coisa...

Oh pais deste mundo... Organizem-se.


Tenham medo. Muito medo, vá...


P.S: Ainda não percebi qual é a ideia do "Ho! Ho! Ho!".
É que se o senhor de vermelho (outrora senhor de verde, azul... vá lá, multicolorido de uma forma geral - isto até uma multinacional de refrigerantes lhe ter dado o patrocínio -) fosse um rapper, eu até perceberia... mas não acharia muita piada caso ele me chamasse isso. Seria gago? Não sei...





P.S 2 - a vingança: Não liguem a isto, só escrevi mesmo porque nesta altura as sequelas têm muito sucesso.






(Só não escrevo P.S3 porque não me pagam para isso...)



Ah, e já agora... bom Natal.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Dia 45 - paciência...

Hoje vou escrever sobre alguma coisa. Eventualmente saberei sobre o que será, mas até lá vou escrevendo, para ver no que isto dá...

...parece que ontem chuviscou em algumas zonas do país... isso é extremamente importante para quem se interessa por meteorologia, ou, vá lá, aquelas pessoas que gostam de ter alguma coisa para falar quando não existe tema de conversa. E já que penso nisso, porque raio é que as pessoas insistem em dizer alguma coisa, quando não há nada de útil para dizer? Aquela vontade incontrolável de falar e dizer "nada"... porque não, simplesmente... estar calado? Eventualmente os caros... 2 leitores que lêm isto (repararam, "leitores que lêm"... faz sentido. Como os hipopótamos, que hipopotam.) estarão a pensar: “Ah, mas também estar em frente a alguém sem dizer nada é estranho... para não dizer estúpido.” Sim... e estar em frente a alguém a dissertar sobre o "tá fresquinho, hoje"? Apenas faz sentido em sítios como a Assembleia da República. Apenas porque é um pré-requisito para se estar lá. Acho.

Como não quero tirar o emprego às pessoas cuja carreira profissional consiste em estabelecer raciocínios lógicos que porventura possam explicar estes comportamentos, vou falar de outra coisa. Mudemos de assunto, pois.

-Caso só tenham começado a ler agora, não perderam nada. Se já estavam a ler do início, esqueçam o que está para trás. O que é que estava para trás? Exactamente.-

Prosseguindo, agora que estou neste tema novo, completamente diferente de qualquer um outro que lhe possa ter precedido, vou falar de guarda-chuvas. Eu não uso guarda-chuva, porque não gosto. Outra coisa que eu não uso é o pente, porque não tenho paciência para isso. Agora que penso nisso, não tenho paciência para muita coisa. Deve ser da idade. Ou da falta de tempo. Ou então não.

Mas afinal o que é a paciência?
Será a capacidade de tolerar algo sem proferir queixume?
- É bem provável.
Uma palavra?
- Também.
Algo que rima com “Gervásia”?
- Não.

====Piada seca====

Há uns tempos ouvi uma conversa entre dois amigos:
Amigo 1 – “Man”, como é que se chama aquela cena que alberga um conjunto organizado de conhecimentos dotados de valor universal e baseados em relações objectivas verificáveis?
Amigo 2 – (após pensar um bocado) Oh pá,Ciência.

=== fim da piada seca===

Existem pessoas com muita paciência, capazes de tolerar uma infinidade de coisas sem demonstrar qualquer desagrado. Isso é estranho, mas já que não se pode fazer nada... paciência.

Lembrei-me agora (que não será "agora" quando vocês estiverem a ler isto, dado que o texto terá sido escrito antes de vocês lerem e por isso... pronto, acho que perceberam.)que existe a expressão "paciência de chinês". E esta é um exemplo de expressões parvas que não fazem sentido algum, quando devidamente esmiuçadas até ao tutano, assim mesmo à bruta. Eu até percebo que algumas coisas complexas tenham origem no Oriente. Ok, a Muralha da China pode ser grande e pode ter demorado muito tempo a fazer; e os chineses até gostam de dedicar o seu tempo a coisas muito pequenas, tipo nanotecnologia, piercings para anões, penteados estúpidos para Chiuauas e afins; e os pagodes, que têm a sua graça, também podem ter vindo de lá... mas a verdade é que o povo chinês não é assim tão paciente.

Há uns anos atrás fui a um restaurante chinês e, como seria de esperar, pedi uma francesinha, ao que me trouxeram um prato de comida chinesa. Até agora, tudo bem, mas à medida que ia jantando, o empregado do restaurante insistia em colocar no meu prato a comida que ainda estava nas travessas, para poder levá-las para a cozinha. O mesmo aconteceu com a bebida, ou seja, o senhor não descansou enquanto não esvaziou o conteúdo da garrafa no meu copo, para a poder levar para a cozinha. Resultado, a mesa ficou deserta, com o meu copo e prato cheios. E onde estava a paciência do chinês? Provavelmente na cozinha.
E é do conhecimento comum que a China(país) é muito populada. Lá está, não têm paciência para deixar as pessoas morrerem... é tipo coelhos, mas de olhos em bico.

E outra das provas é que Michael Ondaatje, quando decidiu escrever um livro em 1992, não o chamou de "O paciente chinês".
Se isto não são sinais, eu não sei o que são.

Mas nem tudo é mau no povo chinês. Aliás, não me interpretem mal, eu até gosto do povo chinês. Acho piada às televisões presentes nas lojas dos chineses que transmitem programas inteiramente em chinês. Este facto leva-me a acreditar que estes estabelecimentos comerciais são territórios autónomos sob a jurisdição da China. Tipo embaixadas, mas com aspiradores em miniatura e óculos com luzinhas.
Mas também existem coisas que não percebo: a mania de espetar uma máquina de Karaoke em todos os restaurantes e fazer versões integralmente em chinês (neste caso o "integral" não é muito saudável) de músicas como "More than Words" dos Extreme ou "My first, my last, my everything" do mítico Barry White. E ainda por cima insistem em cantá-las durante o nosso jantar!


E o que direi das pessoas que gostam de usar cachecol? Nada.
E dos limões? São citrinos. O resto não me diz respeito.

Tenham medo. Tenham muito medo.

ou então:

"Be aflaid. Be leally aflaid."
(Para os leitores que, porventura, sejam chineses...)

quinta-feira, agosto 16, 2007

Dia 44 - férias...

Hoje vou escrever sobre algo que me tem impedido de escrever nos últimos tempos. Não vou falar de calamidades, nem doenças, nem aparições públicas do Nel Monteiro... mas de algo positivo, para variar.

As férias.

Eu gosto das férias. Quem é que não gosta? Também gosto da Soraia Chaves, e há muita gente que partilha da minha opinião... mas continuando, há uma pergunta que precisa necessariamente de ser colocada, mas nem por isso necessita de ser respondida.

Pergunta: Porque é que as férias existem?
Resposta opinativa: Na minha opinião as férias existem porque existe o seu oposto, ou seja, o trabalho. E há quem diga que o trabalho dignifica. Não discordando, eu acho que o trabalho cansa. E é provavelmente por isso que existem as férias. Para o pessoal descansar, ou pelo menos para poder mandar o patrão àquele sítio sem que ele oiça (o que pode ser um risco acrescido, dado que o patrão também pode estar num local perto do nosso, afinal, o que é que vocês pensam que ele faz quando diz que vai fazer uma "viagem de negócios"?).

Partindo da premissa anterior, é preciso trabalhar para poder estar de férias. Ou pelo menos fingir muito bem. O que me faz pensar... será que é preciso fingir estar de férias para se poder trabalhar?

Agora que penso nisso, não me apetece falar das férias... porque ao falar de férias, lembro-me dos últimos dias de férias. E isso é mau... porque os últimos dias de férias implicam os novos primeiros dias do trabalho, o que, por muitas imagens alegres que as pessoas lhes possam atribuir - um novo começo, voltar a ver os companheiros de trabalho... - naaah, é chato.

Existem muitos tipos de férias: férias da Páscoa, férias do Carnaval, férias do Natal o que denota uma ligação entre épocas festivas do ano e as férias. Mas também existem as férias de Verão, e como já temos na cabeça a ideia de férias = festa, o Verão tem de ser uma altura de festa.

Na cultura "tuga", as férias estão intrinsecamente associadas ao Verão. Um grupo de amigas minhas usou há uns tempos um termo para classificar a relação entre o Verão e as férias... provavelmente teriam outras intenções, mas para o tema sobre o qual escrevo agora não vale a pena referi-las - "Há coisas que só acontecem no Verão". Mais tarde um caranguejo de uma companhia de telecomunicações decidiu fazer uma música com isso, mas sobre o crustáceo não vou tecer quaisquer considerações, até porque nem tenho muito jeito para a costura.
Mas voltando à expressão, há de facto uma relação entre o tempo de férias e algo que só pode acontecer nessa altura, associado ao devido secretismo. É como as despedidas de solteiro, quem lá esteve sabe o que se passou, quem não esteve pode especular, mas nunca vai perceber.

Mas continuando...

É mais que sabido que a altura do Verão se caracteriza pelo retorno a casa dos emigrantes portugueses. É fácil identificar a viatura do emigrante: Um terço, uns óculos de sol e um cd pendurados no espelho retrovisor, uma pequena estátua da Nossa Senhora no tablier, um cachecol da Selecção atrás a tapar as colunas de som, a bandeira nacional a forrar o encosto de cabeça do banco do condutor e do passageiro, um pano ressequido na antena, vestígios do último casamento a que foram e um cd do Tony Carreira aos berros ("AI DESTINO, AI DESTINOOOOOOOOOOOOOOO..."). A não esquecer ainda o pormenor da t-shirt caveada e a respectiva marca de bronzeado no braço esquerdo do condutor, ou seja, o braço que vai pendurado na janela ao longo da viagem na "autoroute". O regresso é um forte motivo para festa, naturalmente. As aldeias do interior de Portugal animam-se com arraiais, muito vinho, fogo de artifício, enfim, é uma alegria, viva o Verão e não sei quê...

No Verão também existem os festivais de Verão. Não tenho muita informação sobre estes eventos, dado que fui apenas uma vez, mas posso dizer que são algo verdadeiramente fantástico, se não contarmos com os preços exorbitantes das bebidas no recinto, a ausência de água em alturas-chave do dia, o chão duro como _____ (inserir comparação com algo muito duro) que não deixa espetar nada para segurar a tenda no sítio, o calor nas tendas de campismo a partir das 8h da manhã e os filhos da p### que têm a mania de gritar "ALVORADAAAA!!" às 7 da manhã (aproximadamente a altura em que adormecemos finalmente) enquanto batem com os tachos como se não houvesse amanhã... enfim. Apesar destas coisas todas... é muito bom, seguramente uma experiência a repetir (caso já tenham ido a algum, senão será uma experiência a ter, e depois a repetir). Ah, e também vi a Soraia Chaves num festival de Verão, por isso...

Falando de outra coisa, antes do Verão vem a Primavera, e depois do Verão vem o Outono. A Primavera tem coisas interessantes, anda toda a gente com as hormonas aos saltos, as flores brotam, os passarinhos e as abelhas fazem aquilo que lhes compete. Por outro lado, o Outono tem coisas deprimentes, as folhas caem, a chuva volta e as aulas recomeçam.
O Verão é um meio-termo, ou seja, os mocinhos e as mocinhas andam todos malucos na praia à procura de algum eye-candy (docinho para os olhos) e também à procura de motivos para impedir a depressão que virá depois, quando tiverem de regressar ao trabalho.

A praia é interessante... há de tudo por lá. Pensando bem, é só areia, água e pessoas. "People are strange, when you're a stranger", já dizia o Jim Morrison. De todas as coisas peculiares que aparecem na praia, só me apetece falar de duas - uma boa e uma má:

A boa - as raparigas de fio dental
A má - os gajos de fio dental

Há uma coisa que me irrita solenemente... porque é que os ginásios se enchem de gente nas semanas que antecedem o início da época balnear?
Há quem culpe a televisão, nomeadamente aquelas séries com homens (de corpos em Y) acompanhados de mulheres (boas) a correrem em slow motion pela praia. Eu culpo a estupidez. Isso faz tanto sentido como pedir café com "adoçante" depois de se comer uma mousse de chocolate. Não combina.

=== Parte mais séria ===

Há outra coisa que me deixa indignado. De todos estes hábitos, há um que deveria ter a pena de morte, ou pelo menos um encontro imediato com um camião TIR na cervical. Não falo, obviamente, dos bailes de Verão nem dos homens pançudos de cuecas de gola alta (embora... pensando bem...), mas sim dos néscios pusilânimes que abandonam os seus animais de estimação nesta altura, por não terem capacidade e disposição para tratar deles durante a altura das férias.

Os animais não são um brinquedo, muito menos um electrodoméstico com botão on/off, cuja função seja entreter os membros da família. Os animais de estimação SÃO membros da família e da mesma maneira que nem devemos sequer considerar a hipótese de abandonar um familiar à sua sorte no meio da estrada (mesmo sabendo que é um ser humano com capacidade de raciocínio) poderemos pensar em descartar da nossa vida um animal que já perdeu alguns instintos de sobrevivência por conviver no meio doméstico. Se não podem ter um animal a tempo inteiro, não o tenham de todo.

=== Fim da parte mais séria ===

Planeta Terra, boas férias.

Tenham medo, muito medo.

terça-feira, junho 12, 2007

Dia 43 - M&Ms - marchas e martelos

Não estava para escrever hoje, mas quando estava a jantar, em pleno parque da Cidade ao luz das velas e com um rádio a pilhas sintonizado numa rádio qualquer lembrei-me que tinha deixado a máquina de lavar a roupa ligada e a janela do Windows aberta, e como não gosto de beber sumos de fruta em pó decidi ir a pé.

Depois de recuperar a consciência, decidi escrever alguma coisa por aqui.

Hoje vou falar sobre as marchas populares. Cá na terra onde moro, não são tão populares assim, por isso já começamos mal. Senhores que dão nomes a eventos e também os que se chamam Tó, é um bocadinho de presunção deduzir que por determinadas coisas serem conhecidas no sítio onde vocês moram são directamente merecedoras do epíteto de "Popular". Se se chamassem... deixa ver, "Marchas-um-bocadinho-conhecidas-no-sítio-onde são-feitas-e-que-por-acaso-até-dão-na-televisão", eu até nem faria reparo nenhum, mas assim... vejam lá isso.

Mas não era isto que eu queria dizer. Se por acaso este texto vier parar às vossas mãos numa exclusiva e raríssima edição escrita a lápis em papel A4 quadriculado, podem apagar esta parte. A borracha.

As marchas populares têm algumas coisas que me intrigam. Bastantes, até.

Primeiro, a ideia dos manjericos. O manjerico é uma planta com um aspecto semelhante ao cabelo do Marco Paulo nos seus tempos áureos, mas verde. E esta é uma das poucas plantas com regras muito rigorosas. NÃO se pode CHEIRAR DIRECTAMENTE o MANJERICO! Uma vez um amigo meu ousou cheirar, tocando com o nariz num manjerico, assim mesmo "tête-a-tête", ou melhor, "nez-a-manjerique", e 3 pessoas que por ali estavam pararam tudo que estavam a fazer na altura e olharam para ele como se ele fosse o Anti-Cristo, ou pelo menos alguém muito intímo de tal personagem. A senhora que estava a vender os manjericos chegou ainda a pegar num dos vasos maiores que tinha e ameaçou atirá-lo à nossa cabeça com alguma violência.

Qual é o problema de cheirar o manjerico? Porque é que só podemos saber o cheiro daquilo através das mãos?
Se eu perguntar isto a alguém mais velho, provavelmente vão dizer algo do género "Dá azar" ou então "Isso murcha a planta". Esperem aí... para crescer aquilo leva com ADUBO e fertilizantes, ou seja - BOSTA - em cima , e não podemos pôr lá o nariz?

E porque é que há pessoas que insistem em passar com a mão em todos os manjericos que lhe aparecem à frente? Cheira tudo à mesma coisa. Acreditem em mim, após uma pesquisa intensiva de 20 segundos no Google e na minha dispensa cheguei à conclusão que não existem plantas obscuras que, devido a padecerem de complexos de inferioridade plantar, se disfarçam de manjericos para serem apreciadas por alguém muito constipado. Isso só acontece com as begônias-folha-de-mamona. Com as outras não.

Podiam inventar um perfume com extracto de manjerico para poupar as plantas... uma espécie de "CK TUGA", que tal? Provavelmente alguém vai lembrar-se disto e fazer milhões... e não vou ser eu.

E quem é que se lembrou da ideia de pôr quadras em papelinhos para espetar na pobre da planta? Ok... é provável que seja a única oportunidade para alguns aspirantes a poeta... pensando bem, escrever para plantas até nem me parece muito parvo... cá vai:

"Oh meu querido Santo António,
nesta quadra popular,
arranja aí um saco de gelo,
para pôr na zona lombar"

ou então:

"Entre santos e Santinhas
de broa e sardinhas na mão
Orienta aí uma moçoila
De preferência, um avião"

e:

"Ontem fui à farmácia
Desconfiava de uma otite
Mas afinal era engano
Era apenas sinusite"

se calhar:

"Estava cheio de fome
E eram horas da ceia
Comi 3 cachorros seguidos
E comprei "Imodium" para a diarr...

- não, risquem esta -

Podia-se fazer muito melhor no campo da poesia para espetar em plantas.

Ah, e outra coisa...

As marchas populares, como já se sabe, são típicas da cultura lisboeta. Os homenzinhos e mulherzinhas usam aquelas fatiotas que representam algumas profissões já extintas da cidade e dão o seu tributo às varinas, aos pescadores e a outras personagens típicas da Lisboa de antigamente. Há no entanto ali lacunas que precisam de ser revistas (ou então magazines) e, se possível, colmatadas. O tema das profissões de antigamente não é mau, mas podiam fazer um "refresh" aí a essa cena... porque não uma Marcha dedicada inteiramente à Sueca e ao Dominó? Ou então um tributo ao Arrumador - essa profissão em vias de extinção - Convidavam o Filipe La Féria e ele fazia uma cena em grande...

E acho também que deviam acrescentar à lista novos bairros... porque é que, para além das Marchas de Campolide, Madragoa, Carnide, Lumiar, Alfama, Bairro Alto, Marvila, Benfica, Mouraria e Alcântara, entre outras, não dão lugar às Marchas da Buraca e Cova da Moura, por exemplo? Era giro ver pessoal a marchar ao som de Kuduro ou Kizomba. A sério.

Decerto haveria muito mais a mudar em Lisboa, mas há outras coisas interessantes e intrigantes noutras zonas de país.

O Porto, por exemplo.

Cá em cima temos o São João. E o que é que se faz no S. João. Primeiro apanha-se a "farda" ao jantar e depois vai toda a gente para a Ribeira ver o fogo de artifício à meia-noite. Depois do fogo, anda-se. Há quem se dirija para a zona do Castelo do Queijo, mas o destino não interessa. O que interessa é andar. Até chegar a manhã. Nessa altura geralmente já se está sóbrio o suficiente para procurar saber onde se está e aí já se pode voltar para casa.

Até aqui, tudo bem.

Mas e os MARTELOS?

Porventura existirá alguma história repleta de acuidade e com motivos plausíveis para a existência do Martelo de S. João, mas eu acho que nem tudo surge por um motivo, portanto, como é que hei-de dizer isto... pronto, sério. Deve ter sido algo do género.

"Pessoa anónima, mas muito influente (PAMMI)- Hoje é dia de S.João, vamos regozijar!

Pessoas influenciadas pela pessoa influente, também anónimas (PIPPITA)- Yupi.

PAMMI - Há no entanto,algo no meu ser que me deixa com a sensação de vazio. Algo falta nesta época tão especial.

PIPPITA - O que é que falta?

PAMMI - Apetecia-me andar com alguma coisa na mão... já sei! Vou buscar o martelo para andar a espancar todas as pessoas que por mim passarem nesta noite tão especial!

PIPPITA - Vamos todos!! Yupi outra vez!!"

E foi assim... com o tempo apareceu outra pessoa, esse sim, um verdadeiro génio, que se lembrou de fazer martelos em plástico... e isso reduziu drasticamente a taxa de mortalidade no S. João.

Em relação ao Alho-porro, também tradição no S.João do Porto, isso é parvo.

E porque não juntar algumas coisas de ambas as metrópoles? Tipo, marchar lá com arcos e balões ENQUANTO se é perseguido por tipos armados de martelo atrás? Era giro... dava um ar mais espartano à coisa... e não era preciso existir um júri para decidir quem era a melhor Marcha - quem sobrevivesse, ganhava.
O Darwin haveria de concordar comigo.

Se desse na cabeça ao pessoal do Norte adoptar as Marchas populares, o nosso espectáculo seria diferente. Em alguns bairros do Porto, por exemplo, Bairro do Cerco, Bairro da Pasteleira, Bairro de Contumil ou até o Bairro de S. João de Deus, para além dos andrajos, teríamos de certeza personagens diferentes. À frente do desfile teríamos um cordão policial. E atrás teríamos alguém para recolher os pedaços que as pessoas fossem perdendo ao longo do caminho.

E no fim, quem ganhasse tinha direito à liberdade condicional...

Pensando bem... provavelmente não seriam Marchas. Seriam rusgas, mas com música.

É claro que existem pessoas que não têm culpa nenhuma da relação dos vizinhos com a Lei e até fazem a sua vida sossegados sem causar problemas a ninguém, e dentro desse grupo de pessoas estão algumas que não têm qualquer sentido de humor e que preparam neste motivo um comentário insultuoso à minha pessoa ou até mesmo à pessoa da minha iguana (que lhe ofereci no Natal do ano passado... é um haitiano que mora na cave da gaiola dela e que lhe faz chinelos em serapilheira muito jeitosos)... por isso fica aqui este pequeno texto a explicar que não tenho nada contra essas pessoas... mas sim contra os panascas que não moram em qualquer habitação providenciada pela Câmara e só pensam em chatear.

E porque é que não existem Marchas populares dos Bairros... fiscais? Tipo, com os senhores das Finanças todos empoleirados com roupa colorida e a exibir à cidade as folhas azuis de 25 linhas carimbadas com um verso todo catita... é que eles merecem. Pensem bem, os senhores e senhoras que trabalham nas Finanças têm uma vida... chata. Vocês já foram a alguma repartição? Aquilo é o "tédio" personificado (ou "edificado" porque as Finanças não são uma pessoa, geralmente estão num edifício). A coisa mais bonita e estimulante de uma repartição de Finanças são as máquinas distribuidoras da água. Aquele garrafãozinho virado ao contrário com as duas torneirinhas coloridas em baixo é um oásis no meio daquele império do cinzento. Mas sobre o fenómeno das repartições eu falo um dia destes.

E para finalizar... para quando uma Marcha... fúnebre? Assim uma cena mesmo Tuga... o pessoal todo de preto, de velas na mão a cantar incessantemente... estão a ver? Tipo procissão, mas sem o andor e com letras dos Mão Morta. Seria lindo.




Tenham medo. Muito medo.

segunda-feira, junho 11, 2007

Dia 42 - Antigamente...

Ora bem, hoje apetece-me escrever sobre muita coisa... mas é capaz de ser complicado, porque com o Verão e tal as pessoas começam a ficar mais desocupadas e a probabilidade disto ser lido por pessoas que têm capacidade de me causar maleitas físicas indiscriminadamente de modo a deixar marcas que não ficam muito bem em fotos de família, e também impossibilitar a movimentação do indivíduo visado (ou seja, eu) sem que este expresse o seu sofrimento com sentidos "Ai"s e outras onomatopeias que reflictam a dor que sente, principalmente na zona do baixo-ventre. Aí dói.

Mas adiante, como sou um tipo afecto às cenas radicais, vamos a isto. Hoje vou falar sobre as séries de entretenimento dedicadas ao público mais jovem. Não, garanto-vos que não vou falar de séries com frutas no título.

Já repararam na diferença entre as séries de agora e as de, vá lá que também não sou assim tão velho, de há 15 anos atrás?
Há 15 anos atrás, tinha eu 7 anos, era viciado, mas mesmo colado, numa série que tinha por nome "Saved by the Bell", ou em português, "Já tocou". É provável que quem esteja a ler isto não faça a mínima ideia do que falo (o que não é novidade, eu digo muita coisa estú... pronto, vá lá, parva), por isso vou tentar resumir em que consistia:
Era o dia-a-dia de um grupo de estudantes do secundário. 3 rapazes e 3 raparigas eram os principais protagonistas. Para os acompanhar havia ainda o director da escola e outras personagens típicas de um liceu americano. Os protagonistas reflectiam as tendências ainda hoje visíveis de qualquer série americana, ou seja, existia pelo menos uma personagem de uma "minoria" étnica qualquer. Por isso tínhamos um rapaz de ascendência latino-americana e uma jovem afro-americana. E os outros eram os típicos estereótipos: o jovem loirinho, a rapariga com ar de "cheerleader", a "Patinho feio", ou seja, a mocinha "não tão bonitinha" que mais tarde se revela um cisne todo jeitoso. Ah, e ainda havia o clássico totó. Eu podia referir os nomes, mas isso não ia adiantar de nada, porque quem se lembra sabe de quem falo e quem não se lembra não quer saber.

E pronto, a ideia não era nova, o tipo de série também não, mas estes ingredientes faziam com que este vosso tipo, então petiz sem juízo, esperasse ansiosamente pelas 16h13 para mudar para um canal da televisão cujo número é inferior a 5 e superior a 3. E durante aproximadamente 30 minutos nada podia tirar-me da frente da televisão, salvo um possível fim do mundo, mas mesmo isso não seria um problema, desde que fosse durante o intervalo.

Vamos lá a ver... comparando as séries dessa altura com as de hoje, eu chego a duas conclusões:
- As noções de beleza e de bom aspecto de um puto de 7 anos, principalmente nos primeiros anos da década de 90, não são as melhores. Eu achava que as raparigas eram de facto muito "giras" (uma palavra apta para aquela idade).

Atenção, elas eram mesmo, ainda hoje são (Tiffany Amber-Thiessen... não digo mais.) ... mas a roupa... estamos a falar de uma altura em que a moda para as raparigas eram aquelas meias que cobriam as sapatilhas, como se tivéssemos assassinado à patada um bicho qualquer de algodão e andássemos com os restos nos pés, como um troféu para todos verem. E se acrescentarem a isto tudo o fenómeno dos casacos de couro com CHUMAÇOS nos ombros, então aí já dá para perceber que havia ali algo de estranho.Eu acho que essas cenas são uma herança dos anos 60... muito LSD e outras cenas que fazem rir naquela cabeça...

O que me intriga sobre como olharemos daqui a uns anos para as séries de hoje.... "Geez, usava-se isto?!"

Pronto saltemos esta parte... falar muito de moda tende a deixar-me meio estranho... fico com medo que de repente apareça um tipo de não sei onde com pentes e tesouras na mão, cheio de pressa a dizer palavras afrancesadas e a cheirar a 8 ou 9 perfumes diferentes e com menos pêlos faciais que a Sinead O'Connor. Esses tipos assustam-me. Não sei, há qualquer coisa numa pessoa com latas de laca suficientes para iniciar sozinho uma guerra biológica que me deixa com algum medo. É que alguns deles também fumam... se um dia aquilo calha mal...

E qual é a outra conclusão?
Não sei. Na altura pareceu-me que apenas uma conclusão não seria suficiente e por isso disse duas... mas agora deixem-me pensar em qualquer coisa.






Ah, já sei.

A outra conclusão é:
- As séries de antigamente tinham alguma coisa que viciava o espectador. Quem não se lembra do Knight Rider? E do Macgyver? E do Esquadrão Classe A? E as corridas em câmara lenta das "Marés Vivas"? Até podem nem gostar, mas quase de certeza que todos já vimos pelo menos um episódio de qualquer uma destas séries, ou até de outras das quais não me recordo neste momento, mas que também marcaram a memória televisiva de cada um. Não me interpretem mal, hoje em dia também existem muitas séries catitas, mas as de antigamente não tinham os meios técnicos que as de hoje e ainda hoje as vemos com "aquela" nostalgia e preparamos o nosso discurso paternalista para com os mais novos, a dizer coisas do género: "Ah... naquele tempo é que se fazia televisão com qualidade... nham nham (mastigar em seco fícticio, já a preparar a fala característica dos indíviduos portadores de próteses dentárias)".
Mas a verdade, caros leitores, é que as séries nem eram assim tão boas. Algumas eram até bem fraquinhas... mas não havia nada melhor. É como hoje.

A maior parte das pessoas da minha idade (22 e tal) passou, nem que fosse ao de leve, pelos anos 80 e esteve uma boa temporada nos anos 90... e muita coisa mudou desde então:
- O então "mito" da Internet é hoje uma banalidade e os putos já nascem com um manual incorporado que permite mexer em tudo que é coisa com botões (nem que seja a camisa).
- Os telemóveis passaram de armas de arremesso a porta-chaves.
- Andamos com pendisks e leitores de Mp3 no bolso que têm a mesma capacidade de armazenamento que dois ou três super-computadores de há 15 anos atrás e que dão para ouvir o equivalente a 8 ou mais cds de músicas.
- E outras coisas que não tenho paciência para estar a enumerar agora...

Mas há muita coisa que está na mesma... o Canal Parlamento, por exemplo, continua com a mesma qualidade.

É claro que existem mais cenas que até fazem sentido e que podem atrair pessoas fãs de textos profundos com mensagens intricadas cujo objectivo é mudar o nosso interior e acreditar que podemos fazer a diferença se salvarmos as baleias e os pinguins e as focas e libertarmos os animais que se transformam em capachinhos (não sei o nome dos bichos)... só que esses não têm piada e são para os blogs que perdem as suas linhas com tretas existencialistas... naa... isso não é para mim... por isso vou deixar a minha iguana azul-escura escrever as próximas linhas.

=== Cena inédita no panorama bloguístico ===

Hã... isto é parvo.

=== fim da cena ===


Para primeira vez até nem foi mau.

Ah, e lembrei-me agora... recordam-se de uma música de finais dos anos 80, cantada por uma tal de Claudie Fritsch-Mentrop, música cujo nome era "Voyage voyage"?



Não, pois não?





Pois...






eu também preferia não me ter lembrado.






Aquela cena na cabeça...






Tenham medo. Muito medo.

terça-feira, maio 29, 2007

Dia 41 - a queima

Hoje vou escrever sobre um evento muito importante, pronto... vá lá... muito marcante... quer dizer, se calhar não... bem, vou falar sobre um evento, é isso, "um evento" que decorre na vida de qualquer estudante. As denominadas "Queimas das fitas e tal". As pessoas que não são muito adeptas deste tipo de comemorações também podem ler isto, enquanto não optam por outra coisa mais importante para fazer (passar a ferro as unhas dos pés, ver repetidamente o "Titanic", à espera que o barco não vá ao fundo, bordar carapins e escrever num papel palavras que comecem pela letra "W" são opções viáveis).

E as duas pessoas que neste momento lêm estas mesmas palavras como quem sorve sofregamente as últimas gotas de água do copo num dia tórrido de Verão devem estar a pensar: "Mas a Queima já foi há algum tempo, porque é que só escreveste agora?"

Simples. Quis dar algum tempo para que a ressaca passasse.

Comecemos então:

Não, não vou perder palavras a dizer que a Queima é um evento que decorre durante uma semana, destinado a celebrar o final de um ano académico. Nem sequer vou mencionar que existe um recinto da Queima, ao qual deram o hiper-criativo nome de "Queimódromo", no qual existem "barracas" das faculdades cuja finalidade é atender aos desejos etílicos dos alunos que por lá passam...

Ah, e também há um palco com concertos... acho eu.

Em vez disso vou falar da verdade oculta por trás da Queima. Considerem isto o "Dark side" da Queima, o "O túnel secreto, a loja de horrores" e outros epítetos que o sr. Carlos Tê poderia atribuir. Por isso, preparem-se...

Bem, por motivos legais (sempre quis escrever esta expressão, até dá a impressão que isto é algo sério, não é?), não vou referir a denominada entidade que manipul... perdão, que organiza todo este evento. Por isso, em vez de me referir aos "puppeteers" como FAP - Federação Académica do Porto, vou só atribuir-lhe uma sigla, um pouco diferente, mas directamente associada - FDP.

Não posso dizer muito, porque tenho medo que eles um dia comprem o Google e mandem este blog para um sítio longínquo, tipo -

Escolher uma comparação:
a) Algo comparável às hipóteses do SCP ou qualquer clube abaixo do Douro ganhar um campeonato de futebol. (para os adeptos do futebol no geral. E no campo também)
b) O pico do monte mais alto de Oranjestad, mesmo ao lado da farmácia. (para quem gosta de viajar. E de farmácias.)
c) Um lugar perto da carreira do Nel Monteiro, ou seja, distante, escondido e possivelmente esquecível. (para quem gosta de música)

- mas cá vai:
-> Os FDP's são emissários d'Eles cujo principal objectivo é esgotar a nossa paciência e esvaziar a nossa carteira. Mas agora não me apetece falar deles, por isso vou falar de borboletas.

As borboletas são insectos da ordem Lepidoptera classificados nas super-famílias Hesperioidea e Papilionoidea, que constituem o grupo informal (ou seja, só roupa confortável) Rhopalocera. As borboletas voam. Os pássaros também voam. Mas os pássaros não são borboletas, porque são pássaros. Se um dia deixassem de ser pássaros, provavelmente não seriam borboletas. Mas estou convencido que não deixavam de voar, porque não é preciso ser pássaro ou borboleta para voar. Os peixes não voam, e essa é uma das principais razões porque nunca serão borboletas. Ou pássaros. Adiante...

Os estudantes estão directamente associados aos peixes. Porquê? Porque não fazem "bolha". Mas os peixes fazem bolhas. No entanto, se perguntarmos a um estudante o que ele faz durante essa semana, a resposta será algo semelhante a, e passo a citar: " Nada."

Os peixes também nadam. Mas deixemos os peixes sossegados. E os pássaros também.

O que é a Queima, verdadeiramente? Uma gigantesca quinta de formigas, daquelas que só vemos nos filmes. E a/o FDP é o miúdo com a lupa que vai apontando para cada um de nós e nos "queima" verdadeiramente, com os preços exorbitantes de tudo e mais alguma coisa.

Por isso, quero lançar um repto:

- Vamos partir a cabeça aos FDPs com canas de pesca e anzóis cor-de-laranja!!!

... não?

Pronto, vamos invadir a sede dos FDPs com toneladas de ATUNS! Sim, isto pode funcionar!

Se não resultar, pelo menos é "fish"... bah, piada má, esqueçam.

==== Parte mais, vá lá, séria do post ====

É fácil comparar a Queima à vida:
Um espaço cheio de gente, cada um a deambular perdido, mas sempre com uma meta, mesmo que essa meta seja "lugar nenhum". Postos espalhados por todo o lado, cada um a tocar a sua música, assim como as pessoas que, estando juntas, não deixam de "cantar" aquilo que lhes diz mais, às vezes para chamar a atenção de outros, outras vezes para simplesmente se afirmarem como aquilo que são realmente. E cada posto providencia o combustível que nos inebria, mas não nos faz parar de o querer. E lá no meio, num lugar central, estão os artistas que tocam para quem os ouve, mesmo que ninguém lá esteja. Mas está lá sempre alguém, para cantar com eles e às vezes só para os ouvir, da mesma forma que existem na vida as pessoas que seguem outras por sentirem da mesma forma a "música" ou porque lhes convém seguir os caminhos que essa melodia traça.
Arrumados a um canto, mas não menos visitados estão os postos onde vão parar os incautos que decidiram perder a sobriedade e/ou consciência a dado momento, postos esses que, com bastante paciência e dedicação recolocam o coitado no jogo da vida, onde todos jogam, mas nem todos lançam os dados.
E no final prosseguimos com a noção, não tão verdadeira quanto isso, que foi "a melhor semana de sempre", contando os dias para a seguinte... e pomos em segundo plano os excessos e abusos que pautaram os nossos passos por lá, e até nos rimos com isso. E ainda bem.


==== fim da parte, vá lá, séria ====

Outra coisa que me intriga. Aliás, é a coisa que mais me intriga. Apesar de tudo que a Queima comporta, tanto positivo como negativo, estamos sempre a evocar essa altura como a meta, o oásis, o escape de qualquer momento menos bom... e depois chega e... pronto.


Queima, até para o ano.

Tenham medo. Muito medo.

sexta-feira, maio 04, 2007

Dia 40 - "Até já"

Boas! Já faz algum tempo desde a última vez que escrevi, mas não me apetece gastar linhas com possíveis justificações, por isso vou passar já a dizer o que realmente interessa. Há algum tempo que estava com ideias de escrever sobre o fenómeno dos taxistas, mas isso terá de ser adiado para um outro dia, de modo a ser épico quando o escrever. Ou então algo assim para o razoavelmente mediano, dentro da classe dos textos "vá lá, fraquinhos" (não me enganei nas aspas, existe realmente uma classe com este nome. Onde? Não sei. Mas existe.). Hoje vou escrever sobre:

- As despedidas.

Calma, não abram já o champanhe, porque este não é o último post deste blog.

É verdade, a temática das despedidas tem suscitado alguma celeuma no meu intímo e, como já gastei a expressão inteligente para hoje, vou abster-me de abstraccionismos que, embora possam ficar muito bem num jantar de negócios, num encontro de filósofos, numa qualquer reunião do clube de fãs de Paulo Coelho, num cantar das claques de futebol (aproveito desde já para felicitar a inédita e inaudita iniciativa da claque principal do Yamoussoukro Sport Club - clube de matraquilhos da 3ª Divisão Regional B da Costa do Marfim - , iniciativa essa que consiste em citar passagens da "Metamorfose" de Kafka de forma ritmada, durante as partidas da sua equipa) ou até num "bibelô" bonito, daqueles de cerâmica com moldura de madeira, e vou passar a dissertar, e até discorrer, todos os meus argumentos relacionados com a temática das despedidas.

Geralmente associamos a palavra "despedida" ao término de algo, ao fim, ao desenlace, ao _____ (inserir um sinónimo qualquer aqui, de modo a "encher chouriços" com cultura). Mas o que me preocupa no meio disto tudo é a verdadeira razão das pessoas pensarem em "despedidas". Vamos a um exemplo, ou a uma quantidade enorme deles:

1. As despedidas de solteiro.
Nestes eventos é celebrado o fim da "solteirice" de determinado indivíduo ou indívidua (esta palavra deveria ser usada mais vezes). E como é que eles festejam? Bebidas, música e strippers, mais coisa menos coisa. Podia dizer mais sobre isto, mas deixo para um próximo post, dedicado exclusivamente a este evento.

2. As despedidas do emprego (ou seja, quando a pessoa ouve aquela frase tão simpática "Está despedido!").
Infelizmente estes eventos acontecem cada vez mais no nosso país, mas felizmente os portugueses são um povo bem-disposto e buscam o melhor destas situações, ou pelo menos uma forma de se abstrair dos problemas decorrentes de tal situação. E o que é que fazem? Recorrem às bebidas, à música e às strippers, ou/e preferencialmente uma combinação destes três elementos.

3. As outras despedidas
E arrumo aqui os exemplos - este abrange os outros tipos de despedida, nomeadamente a despedida de um grupo de amigos, a despedida da família quando as pessoas decidem emigrar... basicamente sempre que deixamos de conviver com determinada pessoa/grupo de pessoas afins ao mesmo ideal, e até mesmo com objectos aos quais conferimos um valor estimativo.

Eu conheço algumas pessoas que dizem não gostar das despedidas, porque isso implica necessariamente o fim de algo. Eu não partilho muito essa opinião. Quer dizer, é evidente que a saudade, embora só exista como palavra na língua portuguesa, é um sentimento universal e não podemos deixar de ficar um pouco tristes, mas o mundo não acaba necessariamente aí. Somos um ser social e precisamos dos outros para o nosso equilíbrio, mas se nos fecharmos sempre que nos despedimos de algo, nunca teremos a presença de espírito suficiente para deixar que os outros possam chegar perto de nós e dizer "Olá!". E o "Olá" (espero ganhar algum patrocínio por esta publicidade) é o começo de tudo.
E porque é que nos preocupamos tanto com a forma como fazemos as despedidas? Não é algo do outro mundo, se pensarmos bem, quando dizemos "Adeus" a alguma coisa, a nossa atenção focar-se-á obrigatoriamente em outras questões do nosso dia-a-dia. Dizemos "Adeus" a algo para dizer "Olá" a outras coisas. É claro que custa, mas por vezes os buracos mais difíceis de sair são aqueles que nós próprios cavamos. Por isso dá jeito ter sempre à mão uma escada e um telemóvel.

Na minha opinião, nós só fazemos as despedidas como um pretexto para dizer aquilo que sempre pensamos das outras pessoas, mas nunca dissemos, com medo de não ser bem interpretados. E porque é que não o dizemos mais vezes? Porque teimamos em ter medo de não saber como viver com isso depois, com a ideia que determinada pessoa sabe o que nós pensamos verdadeiramente dela... e isso é uma prova da nossa imperfeição. Podia falar das pessoas que pintam quadros de perfeição da pessoa da qual se despedem só para evitar pensar sobre ela e para evitar fazer frente-a-frente as críticas que sempre fez nas suas costas, mas essas pessoas não suscitam qualquer interesse da minha parte.

É óbvio que existem despedidas que não podemos evitar. A vida em sociedade é constituída por indivíduos, cujas vidas seguem ritmos diferentes, e é impossível acompanhar todos ao mesmo tempo, preservando o nosso ritmo pessoal. Em relação a essas despedidas, ficam os momentos partilhados e as lições que aprendemos e demos a aprender com o nosso convívio.





É um ciclo.





E hão-de existir sempre o álcool, a música e as strippers.



Até à próxima.




Tenham medo. Muito medo.




Mas não precisam de dizer adeus.

terça-feira, março 13, 2007

Dia 39 - Que pena(s)...

Hoje prometo que não vou escrever muita coisa. Só queria fazer uma pequena referência a uma notícia que li há cerca de dois dias atrás. Se vocês gostam de aves no geral, podem fechar a janela, porque não vou dizer muito mais...

Ao que parece (sempre quis começar um parágrafo com esta expressão), um pequeno chinês (redundante? - Não, era mesmo uma criança chinesa) estava sossegado a brincar ou a fazer alguma coisa que as crianças fazem na China... QUANDO algo de estranho veio perturbar o seu sossego. Um cão. E o que é que os cães fazem na China? - perguntam vocês.

Ladram... com sotaque esquisito. - responde a minha arara.

Adiante...
A pobre criança (chinesa e pequena) assustou-se com o canídeo e, aos berros, fugiu para... uma capoeira.

Resultado: 443 frangos mortos.

Causa de morte (de acordo com os tipos do "CSI - Pequim"): Ataque cardíaco... por causa dos gritos do puto.

Obviamente, os pais foram forçados a pagar a despesa ao dono da capoeira, mas será que o pequeno sínico (esta palavra existe mesmo) vai ter de "cumprir tempo"?

É que hoje são as galinhas... mas daqui a uns anos ele pode ser Presidente de um país qualquer (ou qualquer coisa parecida) e aí... fico um pouco preocupado.


Dizem que as crianças são o futuro...


Só espero que não seja este.



Galinhas... tenham medo. Muito medo.

sexta-feira, março 09, 2007

Dia 38 - e o resto é...

Hoje vou escrever sobre um fenómeno. Os contadores de histórias.
E o que é o contador de histórias? É uma pessoa que conta histórias. E que tipo de histórias? De todas.

Nota do autor -- Não faço muito bem ideia de onde quero chegar com isto... se me perder, ajudem-me, ok? --

Há pessoas que dizem que contar uma história é diferente de relatar os factos na ordem cronológica, pois alegam que é preciso ter talento para a contar. Eu concordo.

De certeza que haverá muita gente com opinião formada sobre os contadores de histórias. Para todos os efeitos, mesmo as trivelas, eu gosto deles, porque não me desagradam.
O que é uma história? - Hoje não vou ao dicionário procurar a definição e "chapá-la" aqui, por um motivo muito simples. -> Não me apetece.

E agora o motivo supostamente apto para um post relativamente sério/parvo (riscar o que não interessa) -> A subjectividade da mente humana, aliada à capacidade de ter opinião formada sobre determinado assunto, faz com que classifique como sendo mais apta a minha opinião pessoal para a realização de um texto de pendor reflexivo e ao mesmo tempo pessoal.

Respondendo: Para mim, uma história é uma narrativa que visa transmitir algo. Factos, fantasia, idealismos, devaneios mentais, abstracções e __________ , entre outros.

Isto tudo seria muito bonito se não existissem outros seres que pretendem fazer coisas más a estes tipos... provavelmente já adivinharam, mas mesmo assim vou dizer.

Os contadores da luz.

Em oposição aos seus semelhantes, os contadores da luz não precisam muito jeito para contar a luz. É certo que a Luz é tida como rápida, mas mesmo assim aquilo é tudo combinado e os contadores acabam por ganhar reputação de forma injusta. E nem me atrevo a escrever sobre os contadores da água (se quiserem podem fazer esta parte). Desde quando é que contar Luz, seja em Watts, seja com os dedos, se pode colocar a par dos contadores de histórias? Enfim, são coisas como esta que me deixam claramente descontente com a forma como as coisas são de facto como esta...
Os contadores, sejam eles quais forem, só têm uma coisa em comum... que é, obviamente, começarem com uma consoante. O resto não interessa.

Provavelmente podem estar a pensar: "Hã?", ou então "Onde é que se fecha isto?"... tenham calma, isto vai fazer sentido no fim... acho.

=== Ponto de situação (para quem ainda não percebeu onde quero chegar===

Temos, de um lado, os contadores de histórias. Do outro, os contadores da Luz e da Água.
De uns eu gosto, dos outros não.
Os contadores de histórias dão-nos o seu tempo. Os outros "coisinhos" dão-nos dor de cabeça quando fazem chegar até nós as contas.
Os contadores de histórias podem fazê-lo sem ajuda. Os outros não, tem sempre de chegar lá um tipo para saber o número que ostentam. Para além de não fazerem mais nada do que contar... ainda são preguiçosos ao ponto de não o dizerem... enfim.

=== Fim do dito ponto ===



Um dia isto vai fazer sentido.



Mas não é hoje.




Contadores? Pfff.....




Tenham medo. Muito medo.

terça-feira, março 06, 2007

Dia 37 - sinais...

Não sei se este post poderá ser considerado um post, mas enquanto alguém com tempo para essas coisas pensa nisso, vou escrevendo aqui qualquer cena...

Há uns dias atrás fui a uma grande superfície comercial para efectuar aquilo a que os - estrangeiros que porventura gostam de se exprimir em Inglês para retratar as suas actividades - apelidam de "Window Shopping". Esta expressão é estranha, mas não me apetece falar nisso agora. Mas antes que os leitores opositores ao consumismo se saiam com "Ah e tal, 'Oh tu!', não esperava que sucumbisses à garra opressiva do capitalismo, essas forças negras que pretendem subjugar as mentes do proletariado com a cultura do não-pensar!!" e de seguida venham ter comigo com archotes e outros itens cujas características intrínsecas têm altas probabilidades de me causar Dor, quero apenas fazer uma ressalva. Já está. Ah, e já agora, o meu objectivo inicial aquando da ida à referida superfície era um: Jantar.

=== Observação (saltar esta parte, ou ao pé-coxinho se quiser ler algo com mais importância) ===

Enquanto jantava, o clube futebolístico da minha afeição concretizou mais uma grande vitória sobre uns outros tipos quaisquer que até jogaram "benzinho"... ah, e ao mesmo tempo que este feliz evento se ia desenrolando, 3 preguiças e um papa-formigas decidiram rapar o cabelo e mudar de nome para "Tó".

=== Fim da supra-citada observação===

E quando é que escrevo alguma coisa importante? Calma, estou a chegar lá.

Ao entrar no sítio já referido previamente, reparei em algo extremamente importante e, vá lá, estúpido.

Os avisos colocados à entrada destes estabelecimentos. De entre de os já costumeiros sinais de "Proibida a entrada a animais (que tenham um aspecto semelhante ao de um cão, os outros podem... acho)" e " Proibido filmar", estava um que me fez pensar, e vou descrevê-lo, para vos fazer pensar também. Era circular, de cor vermelha e tinha no seu centro UM PATIM DE GELO. Ou seja, é proibido entrar naquele "shopping center" com patins de gelo calçados. Este fenómeno, aliado ao facto de o aviso estar colocado na entrada do terraço do shopping (conduzir com patins de gelo?), força-me a formular uma questão, que julgo ser de extrema importância:

Pronto, duas questões...

1. Quem, no seu perfeito juízo, planeia ir às compras com um par de patins de gelo nos pés, num país mediterrânico?

2. Porquê "Tó"?

Continuando...
A sinalética (à falta de palavra melhor) das grandes superfícies comerciais até é interessante, no sentido em que torna possível comunicar conceitos complexos com relativa facilidade (não liguem a esta parte, ouvi um professor meu dizer isto e pareceu-me interessante). Mas ao ponto de limitar a liberdade de calçado de cada um e mesmo censurá-la, aí já me parece um pouco mau...
Segundo estudos realizados por pessoas que fazem estudos, muitos destes avisos surgem após algum evento no qual a inexistência de uma regra específica conduz a alguma situação perigosa. E depois? Basicamente as pessoas querem à força toda impedir que um cidadão normal coloque terceiros e a sua própria pessoa em perigo... e eu acho que isso é mau. Não me refiro obviamente aos atentados bombistas e essas cenas, porque acho que já existem algumas leis que vão contra isso. Refiro-me ao respeito pela liberdade criativa... já pensaram no trabalho que dá subir até ao topo de uma grande superfície comercial com patins de gelo calçados?

Se algum amante do perigo (ou muito íntimo) estiver a ler isto...

VAMOS INVADIR OS "SHOPPINGS" COM PRANCHAS DE SNOWBOARD NOS PÉS!

Ou então DISFARÇADOS DE ARARAS!


Seria engraçado...

E o sinal de proibição daí derivado também...


Tenham medo. Muito medo.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Dia 36 - Pêlo

Embora o título possa auspiciar que vá abordar algo de estranho ou até bizarro (qual é a novidade?), eu não vou falar de pêlos... e é muito provável que este post seja um dos mais pequenos de sempre... ou se calhar, vá lá, não.

Antes de escrever mais alguma coisa, quero apenas ressalvar que não tenho nada contra as tendências da moda no geral (no particular até tenho, mas isso fica para a próxima), porque isso implicaria que eu tivesse algum interesse nas tendências da Moda. Feita a ressalva, vamos ao que (não) interessa:

Hoje, para variar, vou começar o "debitar de cenas disparatadas", aka , texto, com uma questão. Mas a parte engraçada é que esta questão não vai acabar da forma típica, ou seja, com um ponto de interrogação. Esta questão vai terminar com um ponto qualquer, a ser inserido por cada um de vocês, caros leitores (embora alguns até sejam baratinhos) a seu bel-prazer....

===Introdução à pergunta especial (ou seja, com molho de francesinha e batatas fritas) - ignorar o conteúdo entre parêntesis se morar abaixo do rio Mondego - .===

Decerto já terão reparado nas botas que as raparigas de tenra idade usam hoje em dia... aquelas botas coloridas com pêlos sintéticos. E não falo só de botas, também existem casacos e toda a outra parafernália de acessórios que as senhoras teimam em usar...

===Fim da introdução supra-citada===

- Por acaso vocês sabem quantos peluches faleceram para vocês poderem usar essas cenas ("?" - este ponto é apenas uma sugestão, ouvi dizer que as reticências também ficam bem.)

Segundo dados fornecidos por fontes que, porventura, sabem coisas e têm, de facto, acesso a informação relativamente relevante de uma forma especificamente geral e, de certa forma, coerente com aspectos cognitivos no que diz respeito à sua relação argumento/conteúdo e não sei quê... existe um registo de autênticos campos de concentração de peluches, peluches esses que são oriundos daquelas máquinas estúpidas em que se mete uma moeda e depois se "pesca" o dito com um gancho, e chegam a ser sacrificados os pobres coitados que, possivelmente, têm opiniões algo desfavoráveis sobre a problemática da questão do chocolate quente e a directa necessidade de este ser acompanhado de marshmallows...

E não é preciso procurar muito, até porque para procurar é necessário ter a vontade e mesmo até "perder", de facto, alguma coisa.... mas continuando, basta reparar no olhar triste da bota de pêlo, na face caída do aplique no casaco... Senhoras, meninas e até meninos de tendências duvidosas, é mesmo necessário fazermos os nossos companheiros de infância passarem pelo doloroso processo de - atenção, inserção de palavra nova no panorama da Língua portuguesa - "Roupificação"? A quem podem estes pequenos seres de polyester e algodão recorrer? Os animais têm a Sociedade Protectora dos Animais e aquelas organizações ambientalistas que atacam o pessoal que usa casacos de pêlo com baldes de tinta e não sei quê... e os peluches? Quem é que os defende? Os animais sempre têm a sorte de se poderem reproduzir, mas os peluches não... se ninguém lhes dá a mão (ou lhes cose uma), eles estão perdidos.

Por isso, face a esta calamidade, lanço aqui o repto, provocação ou desafio (vocês escolhem):

- Vamos salvar o peluche! -

Gentes deste país e pessoas de Portugal também, vamos responder de uma forma directa e eficaz a esta ameaça. Sempre que visualisarmos alguém que ostente, e que apresente até, roupas e acessórios resultantes da chacina dos nossos pequenos e gentis amigos de infância, corramos na sua direcção e, sem mais demoras, colemos-lhe na cara ou na respectiva peça de vestuário - o que estiver mais distante - um papel a dizer "ATUM". Os resultados desse acto são evidentes... estudos científicos feitos por cientistas provam que tal palavra, quando bem aplicada, suscita no seu portador um pensamento de cariz humanístico e "peluchístico", que o leva a fazer coisas...

É bem provável que ao fazermos isto, aconteça uma de duas coisas:

Ou fazemos algo muito parvo e levamos com a carteira da pessoa na cabeça e perdemos os sentidos ou então fazemos algo de elevada "Parvicidade" (não liguem, hoje apeteceu-me inventar palavras) e conseguimos fugir antes de levarmos com a carteira da pessoa na cabeça...

E pronto, não tenho mais nada a dizer...




Peluches, aguentem a pressão. Vamos arrancar a etiqueta da Opressão...




"etiqueta da opressão"... sempre me apeteceu usar uma metáfora destas...




Dá pinta à "coisa".




Seja ela qual for.



E rima.



Embora a rima entre "Opressão" e "pressão" não seja das melhores...




Mas até nem fica mal.




Tenham medo. Muito medo....

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Dia 35 - e o vencedor é...

Ano Novo. Vida Nova. Enquanto espero que esta expressão faça algum sentido em concreto, vou debitar aqui algumas palavras...
Se olharem para o título (O quê? Aquelas palavras com letra grande no princípio do texto?) já terão uma pequena noção do que vou escrever hoje. E neste momento seria de esperar que dissesse, ou melhor, escrevesse, algo do género "Pois é, por isso, vou falar de Espinafres.", mas não, vou mesmo falar de prémios... embora a questão do Espinafre no geral tenha muita influência em toda a sociedade no particular (ou noutro sítio qualquer).
Pois bem, comecemos então.
O dicionário define "Prémio" como: "recompensa; galardão; remuneração; distinção conferida a quem se torna notado por trabalhos ou méritos; ágio; prestação que o segurado efectua em favor da companhia seguradora como contrapartida do direito de indemnização." E isto até pode ser muito interessante e tal, mas o que interessa mesmo é o que eu quero dizer.
A noção de prémio está associada a algo de positivo, geralmente algo que é alcançado através do esforço pessoal ou então através de uma grande dose de sorte... ou uma mistura dos dois.
E porque é que as pessoas ficam tão tolas com os prémios? Mesmo aqueles menos sérios e, vá lá, apoucados de juízo ou entendimento, levam a que o indivíduo visado fique todo eufórico e a julgar que o Mundo é dele."Hey, ganhei o primeiro prémio da competição de apertar os cordões dos sapatos (ou atacadores, para os leitores - um número máximo de 2, ou quiçá, 3 - que vivem a Sul do Douro) de olhos vendados!" (não confundir com "vendidos", aí é um pouco mais complicado e, em vez de apertarem os cordões dos sapatos, fazem macramé).

Ok, e agora? O que estão à espera?

Obviamente esta aparente "euforia" está ligada à noção de se ganhar algo, ou seja, de alcançar o topo numa competição. E o que leva o Ser Humano a competir? Provavelmente pessoas de diferentes áreas de estudo são capazes de apresentar argumentos também diferentes, desde os argumentos dos adeptos do evolucionismo - "Porque a sobrevivência do mais forte e não sei quê... e tal.", os argumentos dos tipos que abordam a vida de uma forma prática, e desleixada ao mesmo tempo - "É fixe competir porque se ganhares ficas com uma taça costumizada que dá para pôr os cereais do pequeno almoço, e que também dá para beber", aos argumentos decorrentos do simples "Gajismo" - "Oh pá, porque se ganhares já tens uma boa frase de engate para as gajas!"
Eu acho que as pessoas competem porque não têm mais nada para fazer. "Mas, 'Oh TU!', não estarás a ser um pouco redutor, ou mesmo parcial, na tua análise? É que a competição não se limita àquela que vemos nos eventos desportivos. Repara que na vida profissional, e mesmo na amadora (ou Buraca, ou Odivelas, por aí - piada dedicada aos três leitores de abaixo do Douro), as pessoas competem." - dirão vocês. E eu respondo:

Sim.

Mas voltando ao assunto, ou à "Vaca Fria" (vocês escolhem): os prémios.
Quando falamos de prémios, para além da directamente associada noção de competição, existe ainda a questão dos concursos e eventos que, de uma forma geral, possibilitam ao seu participante a obtenção do referido "prémio" (Não liguem à eventual formalidade excessiva das palavras, saí há pouco de um exame de Direito). E há concursos de tudo e de mais alguma coisa. Neste caso vou falar apenas dos concursos "de mais alguma coisa". Não me interpretem mal, eu até acho que alguns fazem um certo sentido, nomeadamente os concursos públicos a empregos ou até a empreitadas. Ah, e também aprecio e valorizo aqueles em que se acaba por ajudar terceiros, tendo como principal incentivo a noção de que não vivemos todos nas mesmas condições (Frase de pendor solidário colocada de acordo com as normas de "posts social e politicamente correctos"). Mas se me pedirem a opinião sobre aqueles concursos em que se testa a ver quem come mais cachorros-quentes, ou aquele dos "gémeos mais gémeos", ou até mesmo aquele em que se atira um QUEIJO por uma colina abaixo para ver quem é o triste que cai mais rápido para ficar com ele... Bem, se me pedirem com jeitinho... eu digo que são - PARVOS! (se me pedirem de outra forma, também direi algo parecido com isso)

Dentro de toda esta temática dos concursos, existe um em particular que gostaria de referir:
Os concursos de beleza. É mais que claro que os caros leitores já viram algum, mas caso só tenham entrado no post agora, ou caso vivam em Plutão (o planeta Anão - não confundir com o planeta As"sim", esse é outro) é escolhida, de entre um número relativamente grande de mulheres que são, de facto, abonadas pela Mãe Natureza (ou não fosse ela uma Mulher) , a mais bonita, a mais fotogénica, a mais simpática, e outras "mais qualquer coisa".
É certo que uma cara bonita é mais agradável à vista, mas fará sentido recompensarem-se de forma avultada as pessoas que nasceram com determinadas características mais afectas aos gostos da população em geral? Os outros concursos até fazem um certo sentido, quando comparados com este, porque envolvem algum esforço, mas sejamos sinceros: Quem nasce feio, por muito que tente, dificilmente ganhará um concurso destes, a não ser que se renda às tendências "plásticas" de hoje em dia e passe por um processo moroso e custoso de "obras corporais" que, muitas das vezes desvirtuam a verdadeira essência da pessoa (Nem pensem em começar com aquele discurso do "Ah, mas a cirurgia plástica melhora a auto-confiança e a qualidade de vida da pessoa, porque passa a gostar mais do que vê quando se olha ao espelho". Querem a minha opinião sincera? Muitas vezes olhamo-nos mais com os "olhos" dos outros do que com os nossos. Mas cada um deve fazer aquilo que muito bem entender) . Ok, envolve um certo "esforço" manter o corpo tratado, tratar do cabelo e não-sei-quê, mas se duas pessoas em condições iguais fizerem o mesmo, ganha a que for, à partida, mais "bonita".

E no final , o que temos? Um concurso em que se premeiam as qualidades derivadas do código genético da pessoa, aliadas ao contexto social e situacional e aos padrões de beleza de "juízes" humanos, e logo, cheios de falhas e vícios, como qualquer um de nós. Temos então o "imperfeito" à procura do "perfeito". E por muito subjectiva que seja a noção de beleza, existem critérios-base. Mas sobre os critérios não vou falar, porque, sinceramente, não me apetece... mas estejam à vontade de os "googlar", caso não tenham opinião.

Resumindo e concluindo, o Ser Humano tem cravado na sua essência a necessidade de competir por algo. Na inexistência de ameaças directas à sua sobrevivência, desenvolveu os concursos. E nos concursos surgem algumas manifestações com sentido, e outras notoriamente...

parvas.


Agora estejam à vontade para escolher...






Mas a minha iguana é bonita.




Tenham medo. Muito medo...