terça-feira, fevereiro 22, 2011

Dia 74 - A urna.

E por hoje é tudo, voltem sempre.
Beijinhos e cuidado com aquelas coisas verdes que os tipos dão nos restaurantes, aquilo nem é bom para palitar os dentes. E palitar os dentes também não é coisa muito agradável.

Falando de outra coisa, tenho a confessar-vos o seguinte: Estou neste momento indeciso entre escrever sobre o CSI ou sobre uma conversa que tive há uns meses com uns amigos. Qual é que preferem? Não se preocupem, pensem à vontade, eu espero um bocadinho.

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Ok, então vou escrever sobre motorizadas.

Estava há uns tempos sentado num certo carro a ir para determinado sítio, quando ocorreu o seguinte pensamento em cabeça cuja localização não sei precisar: Como é que se tiram nódoas de pimento em calças caqui? Viajando ao passado e evitando o pimento, ou as calças caqui, ambos boas ideias.

Vá, vamos lá o cerne da questão:
Lembram-se de uma altura em que muita gente de certa rede social aderiu a um movimento interessante no qual se colocaram imagens de desenhos animados como foto de perfil? - Poderia ser chamada de foto egípcia, mas é melhor não falar muito do sítio, ainda me entra um motim pela janela e desmancham-me os gerânios - Com base neste fenómeno, de entre inúmeras reflexões de índole espectacular, concretizou-se isto:
- Certos que o panorama político não agrada a grande parte do povo, ou como gostam de ser chamados, o POBÃO (provavelmente não são assim tantos a gostar), os partidos deveriam apostar a sério nas camadas jovens e arranjar mandatários... para os "piquenos".

---Vá lá, acham mesmo que vou aproveitar para mandar a laracha "Um tacho, ou melhor, um bacio, só para o Bibi"? Não, isto é um sítio de nível. Quanto muito chamo-o de Tetra, mas só depois de testar a suspensão de uma debulhadora nas suas costas. ----

Voltando ao ponto: Em suma, seria uma forma interessante de preparar a caminha, ou o poleiro, como preferirem, para o futuro.

As vantagens são mais que duas, e duas é melhor que uma, a não ser que falemos de dores na virilha, o que por si não é vantajoso, salvo se a alternativa for 3 dores. Na virilha, portanto. Por vários motivos que não estão, por assim dizer, dentro do meu panorama de "apetecimentos" (Alto lá, senhores dos acordos ortográficos e não sei quê: my blog, my rules, orraites?), abster-me-ei de as enumerar, por serem demasiado evidentes.

E quem seriam os visados, perguntam vocês?

Como pudemos constatar na última eleição presidencial, o poder gira à volta de dois partidos, o rosa e o laranja. Não são muito diferentes entre si, eu vejo-os apenas sob a perspectiva cromática: no fundo é a mesma coisa, um deles só tem mais amarelo.
Neste duelo de totós, do lado laranja ficaria bem:

A Leopoldina
Quando é que a vemos: uma vez por ano, com um fato análogo a outros ícones, para vender a sua ideia. Passa a época, e volta a enterrar a cabeça na areia até a época seguinte. Mas o certo é que esta grande ave que não voa consegue mobilizar em pouco tempo muita gente e tem uma forte ligação ao capital, sendo por isso um aliado de peso (apesar dos ossos serem ocos e ter um esterno em forma de quilha).

E como isto não tem piada se não houver uma coligação, quem melhor do que...

Poupas
Lembram-se dele? Pois ele não se esqueceu de vocês. O maior pássaro da Rua Sésamo abre as suas asas para ajudar a parceira alada, trazendo consigo o carinho e devoção das crianças mais experientes. Neste jogo duro a nostalgia pode marcar o ponto decisivo. E, em contexto de crise, o nome é a cereja no topo do bolo. (Não tens guito? Poupas.)

Do outro lado da barracuda, teremos os representantes rosa:

Popota
É grande, pesada, mas graciosa, está cá há quase tanto tempo como a congénere laranja, trabalha para o mesmo grupo do grande capital, o que denota interesses comuns que podem atrair os indecisos. dança, canta, tem pestanas... e é rosa.

Ao seu lado...

Avó Cantigas
E todas as crianças são suas amigas. Pois é, esta será a melhor resposta ao apelo à nostalgia dos rivais. Este nosso amigo é membro activo da comunidade geronte mas tem anca de menino, que o digam os seus videoclips em 3D. Para além da insistência no choque tecnológico pode trazer votos do outro mundo, graças aos contactos do seu fiel amigo Joka, o fantasminha brincalhão.


Mas os outros partidos têm sempre uma palavra a dizer:

Para o camaradas de vermelho...

Bob, o Construtor
Quem melhor do que o proletariado para incentivar os pequenos a acreditar na força do trabalho e na pinta das camisas xadrez? Este homem constrói, remodela, fala com máquinas, em suma, é o maior.

Do outro lado, os fatinhos de azul e amarelo podem contar com...

Noddy
Abram alas, de guizo no barrete e lencinho ao pescoço este menino manda na cidade dele. Avião particular, táxi, anão privativo para os pózinhos mágicos? É o gnomo para o lugar. Ao seu lado, a força do capital é a capital da força.

Do lado mais encarnado da vermelhidão, temos...

Dora, a Exploradora
Defensora das alternativas, eis uma Maria-Rapaz ambientalista que não tem medo de, como lhe define o título, explorar. E o facto de ter ascendência exótica e amigos multi-culturais representa em pleno a abertura do partido à liberdade de ser diferente, ou melhor, único. Ah, e ainda fala com um macaco azul... palavras para quê, legalize it.

E os senhores que acreditam que isto só lá vai com uma coroa podem chamar...

Babar
Este real probuscídeo encara a vida com calma e a relva é sempre mais verde do seu lado do jardim. Enquanto ele não a comer, claro. O seu rival é o rinoceronte Ratáxes... que me lembra a porcaria dos impostos, por isso tem a minha simpatia.

Os mais pequenos dos pequenos também poderiam ter representantes:

Para aqueles que atribuem a culpa da crise do país à imigração e diversidade cultural e racial, talvez...

Ruca
Ele é um rapazinho, embora pequenino... é careca.

E para o partido do Garcia Pereira

Garcia Pereira. - Ele não precisa de ninguém. Este homem é o Chuck Norris da política.

Finalmente o P.A. partido que ganha sempre, sempre...

SpongeBob SquarePants
Se as eleições calharem no Verão, é perto do habitat deste nosso amigo que estará a maioria dos baldas: de papo para o ar, de olho nas camones enquanto o futuro do país é decidido pelos outros. E, prolongando mais um pouco a analogia, são os primeiros a apontar quando isto vai por água abaixo.

Pensei em fazer isto só com Pokemons, mas teriam de ser todos o Pikachu. Porque não conheço mais nenhum. No entanto o Garcia Pereira continuaria a ser o Garcia Pereira.




Tenham medo. Muito medo.

domingo, outubro 24, 2010

Dia 73 - Tutti mas pouco.

Olá, há quem diga que largos dias têm 100 anos, eu diria que está uma humidade esquisita e que tenho comichão na têmpora esquerda. O importante a destacar é que já lá vão alguns dias desde a última vez que aqui depositei larachas, pena não haver uma taxa de juro decente, porque já que ninguém lhes toca podiam render alguma coisa. E posto que nesta frase se resume o meu conhecimento de Economia e Finanças, vamos avançar com isto, pode ser? Não fiquem tristes por começar antes de ouvir a vossa resposta, o jet lag tem destas coisas.

- Carta Aberta à COMPAL -

Exmas. Senhoras,

Serve a presente carta para manifestar uma dúvida que se prende no âmago de qualquer indivíduo que esteja suficientemente desperto quando encontra um dos vossos produtos no amanhecer de qualquer dia, produto esse geralmente ladeado por uma tosta, uma torrada ou outro derivado do pão, ou um item aleatório de pastelaria, salgados a afins. Mas avancemos porque não quero perder o vosso tempo, e principalmente o meu, com elaborações sobre os hábitos alimentares da população em geral. Não tenho nada contra a vossa polpa de tomate, mas gostaria de abordar um vosso artigo em particular, mais concretamente o vosso néctar, vulgo sumo de frutas.
Perdoem-me a ignorância, não estou a par se comercializam lacticínios, mas vamos ao bovino frio da questão:

Tutti-frutti.

Apesar do meu conhecimento parco da língua italiana, creio poder concluir que a tradução livre é "todas as frutas". Longe de mim duvidar da vossa inteligência, creio que já terão adivinhado do que falarei de seguida.

No rótulo destacam-se as uvas, as maçãs, um ananás (se for um abacaxi perdoem-me pela falta de precisão) e laranjas. Percebo que semioticamente poderia ser demasiado confuso para o utilizador final se em tão reduzido espaço figurassem todas as restantes frutas, o tutti das frutti, portanto. Poderia encetar numa discussão sobre a hierarquia das frutas no que concerne à sua iconicidade, mas não me apetece, por isso nesse ponto não haverá lugar para debate, da minha parte. Mas que fique assente aqui a primeira análise.

Falemos de seguida no sabor: É perceptível o sabor da laranja, o travo ácido do ananás ou a doçura subtil do abacaxi, até se vislumbra um ligeiro granulado da uva... onde estão os outros? Que é do sabor da anona, o marmelo, onde está? E o morango, será demasiado rasteiro para aparecer? Não queria escalar a discussão para níveis não razoáveis, mas sou forçado a fazê-lo quando constato o drama da discriminação: Meus senhores e animais de estimação sencientes e/ou devidamente treinados para o efeito, onde estão os frutos secos? Já se perseguiram povos, agora são postos de parte tipos inteiros de frutos?

E a banana?

Para o bem desta reflexão, tomemos por certo o seguinte quadro: Tenho um primo meu que é alérgico a amendoins e, apesar de ser consumidor assíduo do vosso néctar, não faleceu. Se existissem no vosso néctar todas as frutas presentes no mundo, já não estaria entre nós. Seria trágico, com toda a certeza, mas não existiria esta dúvida e não teriam agora a maçada de ler esta carta.

"Somos todos fruta, mas um são mais frutos que outros"

Pêra é pêra, maçã é maçã, melancia quadrada é subjectivo: pode ser uma aplicação da engenharia alimentar ao serviço de acondicionamento eficaz de frutas, pode ainda ser um atestado do excesso de tempo livre das mentes conhecedoras e pode ainda ser considerado um atentado à sapiência da Natureza (notem que não lhe chamo "Mãe Natureza", pois nem todas as mães serão assim tão sapientes. E tão mães, já agora). Quero com este simples exercício de pensamento alertar para a necessidade de sermos objectivos quando pretendemos inovar e servir a população; Se num néctar "tutti-frutti" não estão lá todas as frutas, pode também não estar fruta alguma. Tanto quanto sei podem haver apenas químicos que simulam o seu sabor e estarmos nós a beber esferovite líquido.

Preocupa-me pensar que estão mais frutas na participação no Festival da Canção da cantora Dina do que no sumo que porventura poderá constar no meu pequeno-almoço. E chamar-lhe cantora... é subjectivo. Mas admito-o.

Certo de que existe grande quantidade de mãos dispostas a apontar o dedo, mas poucas a participar na resolução do problema, gostaria de propor soluções sob a forma de alternativas ao nome.

1 - "Compal de Algumas frutas que porventura saibam melhor e que agradaram à maioria do nosso grupo de teste, afinal eles são pagos para alguma coisa. Se não gostarem, a culpa é deles"

2 - "Compal de Frutas" - solução mais minimalista.

3 - "Compal Salada de Frutas" - Se já tivermos ultrapassado a questão de que nem todas as saladas são obrigadas a ter alface na sua composição, podemos optar por esta via. Desta forma mantém-se a hipótese de debate, o que aumenta o interesse do sumo, mas reduzem-se os poderes de sustentação de alguns dos argumentos.

Eu tinha uma quarta solução mas não tenho vontade de a partilhar com vocês.

Na esperança de que este problema encontre a sua solução,

Cumprimentos.

Eu.

segunda-feira, julho 26, 2010

Dia 72 - wtf?

Olá, estão bonzinhos? Se vos apetece responder, façam-no um bocadinho mais alto porque deste lado não se ouve nada, têm de gritar para o modem, ou então para os cabos do wifi que ele depois dá-me o recado. De qualquer das formas espero que sim, e vamos lá a despachar isto que a minha vida não é como o Carnaval que tem dois dias e muitas mulheres com pouca roupa.

Pois bem, o que hoje me traz até vós é uma questão com a qual me deparei há coisa de 5 minutos, embora tenha verdadeiramente começado a fermentar há uns dias, em conversa com duas pessoas extremamente interessantes. E qual é a questão?

- O que é o "xD"?

Falo obviamente de um dos imensos emoticons que pululam pelas ciber-conversas no nosso dia-a-dia e que nos obrigam a virar o pescoço ou o monitor para a esquerda com vista a entender na sua plenitude. Eu até entendo o :), que no seu expoente pode derivar em :D ou mesmo em :)))))) para quem gosta, do :s não sou grande fã, já usei mais o ;) mas parece que é mal interpretado, por isso mando os (mal) interpretantes àquele sítio com um .|. e vou fazer outras coisas. Gosto do :p, porque sempre me disseram que é a beleza interior que conta (na verdade querem dizer que só contam com essa, porque da outra há pouca e não dá para todos)

Quanto ao XD, não entendo, sinceramente.

Quando era puto e lia banda-desenhada, era desenhado um X nos olhos das coisas que faleciam, o que me leva a concluir que será alguém que falece, mas contente. Se assim é, tudo bem. Mas não deve ser. Será que representa alguém que fecha os olhos e se ri? E então os invisuais, como é que ficam? Não podem usar o :), têm de recorrer a este ou mesmo a um B)? E se forem piratas ou cegos de um olho, usam o P)? E porque é que lhe chamam "Emo" se ele é só sorrisos?
Esclareçam-me lá isto, senhoras e senhores dos SMS's, twitters, MSN's, Facebook's e tal, porque tive de deixar um Cornetto fora da arca e como isto está não me dura até às 3 da tarde.

Sabem que mais? Vou contar-vos um segredo: Eu sei quem inventou esta coisa dos emoticons. Esqueçam o que a wikipédia diz, não oiçam o senhor do talho, a verdade está aqui, e só porque são vocês e usam esse pescoço, vou partilhá-la.



O emoticon é português. E que se lixe o suspense, o pai do coisinho é o Saramago.


- Pausa para se recomporem do choque-

A explicação, a chave para este mistério, surge no desenlace, tal como em muitas obras deste senhor, e cá vai ela:

Gabriela Canavilhas, Ministra da Cultura disse na cerimónia fúnebre do Nobel luso: "Não há palavras, Saramago levou-as todas."

"Muito bem, e o que fazemos a todos os elementos gráficos de pontuação que sobraram?" - pergunta um tipo, atrasado para apanhar o Metro.

E ele sorriu.


A partir daqui é o que já se sabe. O resto é convosco.

Adeus, até um dia, e não se esqueçam de ligar os fornos quando chegarem a casa para ver se refresca o ambiente.

Tenham medo. Muito medo.

quarta-feira, junho 16, 2010

Dia 71 - VOOOOOOOOOOOOOOO

Voltei! E este será provavelmente o último ponto de exclamação que este texto terá. Ou talvez não, porque tenho muito pouca autoridade sobre mim mesmo. Sendo que é nesta altura que devo lançar o tema de hoje, acho que é melhor não facilitar e pimbas no assunto.

Confesso que estava para falar do CSI, até estou a ouvir um best of dos The Who - Os quem? - perguntam vocês. Exacto. E não faltam coisas para falar sobre o CSI. Mas não vai ser hoje.

Porque hoje quero falar do Mundial de Futebol. Não há tema que resista ao Mundial de Futebol, mesmo que se queira: Há dias atrás estava num casamento e no meio da coreografia que toda a gente da Igreja conhece, com excepção deste que vos fala baixinho, num murmurar parecido com o bater indiscriminado em teclas de teclado, que segue o exemplo da pescada, pois antes de ser já o era... ora bem, onde é que eu estava? Ah, sim, sabem aquelas partes em que o padre diz uma frase e toda a gente responde em coro? Sim senhor, bem giro, mas não apanho uma. Só acerto na parte do fim em que devemos saudar os nossos próximos, o que geralmente se resume ao banco em que estamos ou perto disso. Nas primeiras vezes ainda saía da Igreja para cumprimentar as senhoras que estavam na porta à espera da missa seguinte, inclusive até lhes contava o final para estragar a surpresa ("E no fim o senhor dá bolachas"), mas depois aprendi.

Estou a brincar, claro. Eu não saio à rua.

MAS como estava a dizer, no meio da cerimónia de casamento o padre conseguiu fazer um paralelismo entre o Mundial de futebol e a "equipa que deverá ser o casal para conquistar diariamente o troféu do Amor", mais coisa menos coisa, posso estar a confundir com uma música do outro senhor que canta o Burrito.
Pois bem, caro pároco, o futebol tem 11 de cada lado - inserir piada fácil: se equiparmos de vermelho e branco tem 14 - fim de piada fácil - , equipas de 2 é só no badminton a pares e no vólei de praia (se não contarmos os outros desportos todos). Até o Curling (o do gelo, não o dos cabeleireiros) tem mais gente. A varrer gelo, veja lá. Mas boa tentativa, estou curioso para saber o que diria se estivesse a decorrer o Salão Erótico.

Mas adiante, isto do Mundial traz alegria ao mundo. Acho eu, é o que dizem, pelo menos. É de destacar a capacidade de reunir muitas culturas no mesmo espaço: portugueses a beberem cerveja que foi inventada lá para os lados da Babilónia, sentados em cadeiras do IKEA (que é um país por si só) em frente a um plasma made in China que mostra senhores de dois países - o Nosso e o Estrangeiro. E podia continuar por aqui, mas não quero.
E a diferença de fuso horário, hã? Para além de ser uma boa desculpa para não pensar em trabalho, faltar às aulas, etc... é bom para os jornalistas. Eu gosto de jornalistas. Um jornalista com coisas sobre as quais falar é um jornalista feliz. Eles podem passar o dia a antecipar o que vai acontecer e complementar o resto do dia a falar de tudo que os 90 minutos em campo não mostraram. Se não houver jogos fala-se sobre o que aconteceu ontem e prevê-se o que vai acontecer no dia seguinte.

Se juntarem a isto tudo as gadgets que se inventam para falar sobre a bola, então aí temos o melhor jornalista: O jornalista-gajo. O jornalista-gajo gosta de coisas que piscam e gosta não só de mostrar que percebe da bola, mas que também sabe mexer nos bonecos. Temos aqueles ecrãs que projectam bolinhas no campo, desenham linhas dos foras-de-jogo e as linhas de passe, medem a temperatura da relva, contam os quilómetros percorridos, os litros de suor devidamente suado, quem correu mais, a velocidade do remate, quem não foi votar nas últimas legislativas, as zonas mais povoadas no campo, entre outras coisas. E lá passam os senhores uma hora e tal a falar das plataformas giratórias no meio-campo, nos passes de ruptura, nas valências técnico-tácticas das peças mais móveis do esquema ofensivo com linhas de transição nas alas por método de ponto-cruz com triplo mortal em marcação à zona.

Se fosse outro gajo e não gostasse daquilo diria que é só futebol. O futebol é mais do que "22 marmanjos atrás de uma bola", é um desporto que move milhões e emoções, é catártico e fantástico, fenomenal e outra coisa quem acabe em -al. Se o caro leitor não gostar de futebol, é só trocar por outra palavra bonita, como "ignomínia" ou "rendas de bilros".

Podia dar-me para moralismos e dizer que isto nos tapa os olhos da questão essencial, dos impostos, daquela confusão que anda lá na política, das reformas, das PME's, da mancha do pitróil e do que será feito da Soraia Chaves, mas isso não iria adiantar de nada, porque quem quer mesmo saber sabe, e quem não quer fica-se pelas expressões do costume: "São todos iguais, só querem é poleiro, era cortá-los às rodelas e fazer kebab's para dar aos meninos em África".

Já agora, sabem onde é que se arranja um ecrã daqueles?

Não queria terminar sem falar das vuvuvuvuvuvuvuvuvuvuzelas, mas vai ter de ser porque não consigo pensar com o barulho. Vá, só um bocadinho então: QUAL É A IDEIA?

Em Portugal assiste-se a um ciclo bonito - Temos uma petrolífera que dá aquelas coisas ao mesmo tempo que aumenta sistematicamente o preço da gasolina, de modo a que se as pessoas quiserem protestar já podem fazer buzinões sem precisarem de tirar o carro da garagem ou da loja de penhores. Mais gente na rua de gaita na boca é positivo para a consternação, logo temos: protesto bonito, barulhento e barato.

Não acham curioso que a forma escolhida para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis seja ir para a estrada andar devagarinho... no carro?

Um dia falo sobre a quantidade de treinadores de bancada que por aí pululam. No fim do jogo.


Tenham medo!!! Tenham muito medo!!!!


(Sacana...)

sábado, agosto 08, 2009

Dia 70 - Da gripe e outras considerações.

Olá meus caros, como vai isso? Por aqui vai-se andando, sabem como é. Nunca pior. É como dizem, "desde que haja saúde". Pois... é isto.

Mudando de assunto, há uns minutos atrás encontrava-me deitado no sofá a ouvir um programa de jazz na televisão, quando um pensamento chocou contra mim sem meiguice, qual idoso em contra-mão na auto-estrada, e causou danos, entre os quais a vontade de partilhar algumas algaraviadas (palavra que se ajusta, porque é Verão) sobre a actualidade.

Vamos a isto, pois.

Hoje quero falar sobre a gripe. Anda tudo maluco com a gripe. Não é de admirar, é uma doença chata como o camandro que todos os anos se arranja com um penduricalho diferente para nos tramar a vida.

Apesar de tudo, eu acho que a gripe não tem culpa.
Se pensarmos bem nisto, não nutrimos grande afeição pela gripe: ora a chamamos de gripe comum, ou então é gripe aviária, agora está na moda a gripe suína ou gripe A. Resumindo (porque de momento não me recordo de mais tipos de gripe), não nos faltam títulos para a gripe, e, convenhamos, não são os mais dignos. É certo que o indíviduo afectado pelo vírus da gripe não tem, usualmente, um bom aspecto, mas daí a associarmos o caro vírus a porcos, pássaros e à primeira letra do alfabeto não é uma coisa bonita de se fazer, não senhor.

Antes que os experts na matéria se insurjam contra mim com frases do género "mas esse nome é derivado dos animais onde pela primeira vez se manifestou esta variante do vírus" ou "meu grande idiota, é assim porque foram esses bichos que passaram a doença aos homens, a não ser que o artigo que li no jornal de ontem esteja errado e o Badaró não tenha ido para a Lua com o Armstrong e o Batatinha", eu digo: Está bem, é a vossa opinião.

Mas já agora, sabem de onde se suspeita ser oriundo o vírus do HIV (VIH em português), aka SIDA? Dos "macacos verdes" africanos. E esta terrível doença que infelizmente ainda não tem cura, algo que espero sinceramente que venha a ser descoberto e salve os milhões de seres humanos afectados (momento Madre Teresa), é simplesmente chamada de SIDA. Nada de SIDA símia, portanto.

Há igualdade?
Não senhor.

E depois chegam as queixas: todos os anos há uma gripe nova, rais partam o mutável vírus. Querem saber o que eu acho?(Não) Na verdade o vírus Influenza quer apenas o nosso respeito. Ele não quer acabar num lenço de papel amarrotado no bolso das calças. Ele não deseja para ninguém ser expelido de um nariz na companhia de caloroso muco. Caso encontrasse um génio da lâmpada no seu caminho, tenho fortes suspeitas que o seu desejo não seria uma permanente transmissão de mão em mão de forma incauta e promíscua como as outras maleitas ordinárias.
E muito menos merece que, depois de lhe ser feito tudo isto, tenhamos ainda a audácia de lhe chamar nomes.

No entanto, ele persiste. Com sucesso. Digam lá quantos vírus conhecem que levem tanta gente de tamanhos, cores e sexos diferentes para a cama? E ao mesmo tempo?

De notar que não lhe desejo um nome bonito, porque também já me estragou noites que seriam bem mais agradáveis sem a sua presença. Só acho que, se o apreço mútuo é uma das chaves para a evolução humana, porque não começar por uma estrutura proteica?

Para mim és apenas uma; A GRIPE.

Tenham medo. Muito medo.

P.S.: Hoje o grande Steven Tyler caiu do palco enquanto actuava. Ao que parece não é nada de grave, mas para evitar sustos no futuro aconselho-o o álbum de 1993 - Get a Grip.

Desde que não seja a A. (trocadilho mau...)

quarta-feira, julho 08, 2009

Dia 69 - pelas baleias que cruzavam oceanos...

Hoje vou fazer uma pequena pausa nos contos do investigador (por falar nisso, está a correr bem, esperem novidades antes do fim do mundo) e vou escrever sobre outra coisa.

Não gosto de lentilhas.

O que me faz lembrar de outra coisa pela qual não nutro grande afeição (leia-se "gostaria que fosse erradicado para todo o sempre da face da terra, assim ao jeito do que aconteceu com os dinossauros quando chegou o meteoro ou lá o que foi, e qualquer das maneiras limpou com o assunto, mas neste caso em específico seria agradável que não restassem quaisquer resquícios de alguma vez ter existido tal coisa, seria um daqueles assuntos - pausa para respirar - do qual jamais se falaria nas mesas de café entre amigos, ou mesmo de pé quando se vai pagar a conta, se preferirem.". E o que é tal coisa, perguntam-se ,com ansiedade evidente nesses olhinhos mai' lindos?

É do playback.

O playback está para a música como a Peste Negra está para o sistema de saúde. Dá jeito para arranjar clientes, mas acaba mal. E o cheiro é semelhante.

Nota aos leitores constipados e/ou sem capacidade olfactiva: É algo mau. E arranjem um lenço.

Não tenho grande paciência para procurar a informação necessária para resumir a origem e história do playback, por isso vou inventar. E se concordarem com alguma coisa que eu escreva, levantem os polegares em apreço na direcção do monitor, ele agradece.

- A história do playback -

Playback nasceu nas encostas de um desfiladeiro algures num sítio longínquo, filho de um pai e de uma mãe, como manda a longa tradição de seres que nascem em desfiladeiros. Antes de aprender a andar e a usar chapéu, caiu. De cabeça.
Tinha dois irmãos, que partilhavam esse facto entre eles.

Um dia caiu-lhes uma lentilha gigante em cima. Plena de mau-feitio e com forte aroma a alho, segundo consta.

Fim.

Agora a sério(?), o playback - para não repetir incessantemente a maldita palavra vou intercalá-la com os termos "bolinhas", "bigode" e "peculato" - é usado com frequência nos programas televisivos, galas e afins. Será desnecessário dizer em que consiste, por isso mesmo vou aproveitar esse espaço para falar dos hábitos migratórios dos nossos amigos cetáceos, as baleias:

"No Oceano Pacífico, as baleias jubarte migram ao longo da costa americana até o Havaí retornando para as mesmas áreas ano após ano. Elas tendem a migrar com a troca das estações tirando proveito das águas mais quentes em direcção ao Equador durante os meses mais frios e da grande quantidade de alimento no Árctico durante os meses mais quentes. A maioria das espécies não migra regularmente em direcção ao Equador, então devem existir grupos separados de cada espécie no hemisfério sul e no hemisfério norte" - in um site que o google disse.

Voltando ao bovino frio, não é raro vermos cantores - que provaram por A mais B (haverá expressão mais estranha que esta? Decerto que sim, mas de momento ocorrem-me poucas) que sabem cantar, acompanhados de músicos - dos quais se consta que possuem alguma habilidade a tocar o seu instrumento (e por vezes o instrumento alheio, mas isto sou eu a especular), num palco dotado de instrumentos musicais, microfones e de um sistema de som funcional.

O que falta aqui?

Sim, provavelmente têm razão, não ficaria mal um bom cabide de pinho no canto ou mesmo um yeti professor de aeróbica em part-time a tratar das coreografias.

Facto:
Eles estão lá - sim senhor.

A minha suspeita:
A vontade de trabalhar realmente - nem por isso.

A solução passa então por ouvirmos o que gravaram previamente num estúdio. Chegamos mesmo a ouvir certos instrumentos que não estão lá e vozes de coristas que ficaram em casa ou foram ao dentista para um tratamento endodôntico. E os virtuosos presentes decidem FINGIR que CANTAM e TOCAM, plenos de sentimento e, na iminência do solo, alguns não resistem a abanar as cabeças e a fechar os olhos em êxtase.

Pois bem, agora a consternação:

Se eu quisesse ver um grupo de totós a fingir alguma coisa eu via um jogo do slb, aí estão 11 a fingir que sabem o que estão a fazer (é só mudar o clube para não se sentirem ofendidos, queridos lampiões - aqui também podem trocar o epíteto por qualquer outro, oh papoilas saltitantes e susceptíveis).

Críticas fáceis e acessórias à parte, apesar de todas as qualidades que se lhes possam ser atribuídas, o meu lado racional e bonzinho (cuja principal função é impedir os insultos que no meu âmago assomam de, basicamente, assomar) leva-me a concluir que as pessoas que recorrem ao bolinhas não devem perceber a figura triste que fazem. Ou então gostam.

Já imaginaram se outros profissionais utilizassem o bigode na sua prática profissional diária?

Esposa de paciente - Sr. Doutor, vai demorar muito até o meu Geraldo voltar a andar de bicicleta?

Doutor - Não se preocupe, a operação foi um sucesso. São os melhores pontos a fingir que alguma vez vi. Mas fazemos assim, se ele tiver dores coloque o dvd e diga-me alguma coisa.

O peculato é ainda usado como meio de ultrapassar maleitas físicas dos cantores, com vista a preservar a sua integridade artística. É frequente repararmos na voz anormalmente rouca ou nasalada do vocalista (excluo desta análise o Olavo Bilac, porque estou a falar de música a sério) quando este responde a uma pergunta dos apresentadores, note-se, com outro microfone - como quem quer retirar as suspeitas de quem pensa que ele cantou mesmo. Nestes casos, até posso concordar com o uso do bolinhas.

Posso? Não, não posso. Se eles não estão aptos a fazer o trabalho deles, não o façam. Ou poupem as vozes para não precisarem do "cdzinho" com a música que vão interpretar.

E aqui está a ressalva para os justos:

Existem ainda aqueles que não têm outra forma de mostrar o seu trabalho senão recorrendo ao bigode; Certos programas televisivos alegam não ter meios de suportar uma interpretação ao vivo e por isso dizem aos tipos para imitar o que fariam se actuassem ao vivo - mas sem suor porque isso dá cabo da maquilhagem. Nesses casos desvio o canhão da minha ira dos músicos e aponto com toda a acuidade para os responsáveis pelos programas.

(Mais uma vez o lado razoável) Deixem de gozar com a inteligência dos espectadores. A sério (seus energúmenos acéfalos e não sei quê - o outro lado).

Decerto haveria muito mais para dizer, mas agora não me apetece. Se quiserem acrescentar algo a isto, ou se ainda estão a digerir a piada inofensiva à filiação benfiq... perdão, aos tipos que gostam dos senhores de verm... perdão, dos senhores de rosa muito escuro, então sintam-se à vontade para se manifestar na zona indicada para o efeito.

Tenham medo. Muito medo.

sábado, março 28, 2009

Dia 68 - Só mais um.

Consequências...

"Hoje o dia nasceu com tempo a menos. Sem mexer um dedo já tinha os pratos do almoço lavados, o jantar a fazer e a mesa pronta para os convidados de Domingo. O destino antecipou-se. Ergui-me a custo da cama para ver o que me reservava a meia hora seguinte.

Não precisei de esperar tanto. Sete bisontes irrompem pela casa de banho, um deles fica para trás para organizar os sabonetes por tamanho, cor e textura. Sorte a dele - só tenho um. Os outros seis encetam num estranho jogo de cadeiras em cima do lavatório. Aquilo vai deixar marca.

Calço um só chinelo para me sentir ambivalente, levanto-me e preparo o pequeno-almoço para a entourage quadrúpede. Recusam com simpatia, estão a tentar cortar nos lactícinios. Cumprimentam-me um a um antes de saírem, estão atrasados para o scrabble em casa do Rovaldo - precisam de munições para a guerra de palavras.

Vou até à janela enquanto trinco uma maçã. Hoje a vista é diferente: tenho um fosso em redor do apartamento, uma ponte levadiça e ao longe vejo grupos de homens equipados de espadas e armaduras, como nos filmes, mas sem princesas para salvar nem o subsequente e dúbio final feliz. Dizem que o tempo voa, mas nunca pensei que voasse para trás.

Para não dar a minha sanidade como um bem extinto, fugi pela conduta de ar condicionado. Mas o meu ar não se condicionava a condutas, o que tornou a fuga mais complicada. Peguei no lápis do Abstracto e desenhei uma meta diferente. Antes de fazer uma linha...


O despertador interrompe-me.


Acordo.

Tristes dias de sonho."