segunda-feira, junho 11, 2007

Dia 42 - Antigamente...

Ora bem, hoje apetece-me escrever sobre muita coisa... mas é capaz de ser complicado, porque com o Verão e tal as pessoas começam a ficar mais desocupadas e a probabilidade disto ser lido por pessoas que têm capacidade de me causar maleitas físicas indiscriminadamente de modo a deixar marcas que não ficam muito bem em fotos de família, e também impossibilitar a movimentação do indivíduo visado (ou seja, eu) sem que este expresse o seu sofrimento com sentidos "Ai"s e outras onomatopeias que reflictam a dor que sente, principalmente na zona do baixo-ventre. Aí dói.

Mas adiante, como sou um tipo afecto às cenas radicais, vamos a isto. Hoje vou falar sobre as séries de entretenimento dedicadas ao público mais jovem. Não, garanto-vos que não vou falar de séries com frutas no título.

Já repararam na diferença entre as séries de agora e as de, vá lá que também não sou assim tão velho, de há 15 anos atrás?
Há 15 anos atrás, tinha eu 7 anos, era viciado, mas mesmo colado, numa série que tinha por nome "Saved by the Bell", ou em português, "Já tocou". É provável que quem esteja a ler isto não faça a mínima ideia do que falo (o que não é novidade, eu digo muita coisa estú... pronto, vá lá, parva), por isso vou tentar resumir em que consistia:
Era o dia-a-dia de um grupo de estudantes do secundário. 3 rapazes e 3 raparigas eram os principais protagonistas. Para os acompanhar havia ainda o director da escola e outras personagens típicas de um liceu americano. Os protagonistas reflectiam as tendências ainda hoje visíveis de qualquer série americana, ou seja, existia pelo menos uma personagem de uma "minoria" étnica qualquer. Por isso tínhamos um rapaz de ascendência latino-americana e uma jovem afro-americana. E os outros eram os típicos estereótipos: o jovem loirinho, a rapariga com ar de "cheerleader", a "Patinho feio", ou seja, a mocinha "não tão bonitinha" que mais tarde se revela um cisne todo jeitoso. Ah, e ainda havia o clássico totó. Eu podia referir os nomes, mas isso não ia adiantar de nada, porque quem se lembra sabe de quem falo e quem não se lembra não quer saber.

E pronto, a ideia não era nova, o tipo de série também não, mas estes ingredientes faziam com que este vosso tipo, então petiz sem juízo, esperasse ansiosamente pelas 16h13 para mudar para um canal da televisão cujo número é inferior a 5 e superior a 3. E durante aproximadamente 30 minutos nada podia tirar-me da frente da televisão, salvo um possível fim do mundo, mas mesmo isso não seria um problema, desde que fosse durante o intervalo.

Vamos lá a ver... comparando as séries dessa altura com as de hoje, eu chego a duas conclusões:
- As noções de beleza e de bom aspecto de um puto de 7 anos, principalmente nos primeiros anos da década de 90, não são as melhores. Eu achava que as raparigas eram de facto muito "giras" (uma palavra apta para aquela idade).

Atenção, elas eram mesmo, ainda hoje são (Tiffany Amber-Thiessen... não digo mais.) ... mas a roupa... estamos a falar de uma altura em que a moda para as raparigas eram aquelas meias que cobriam as sapatilhas, como se tivéssemos assassinado à patada um bicho qualquer de algodão e andássemos com os restos nos pés, como um troféu para todos verem. E se acrescentarem a isto tudo o fenómeno dos casacos de couro com CHUMAÇOS nos ombros, então aí já dá para perceber que havia ali algo de estranho.Eu acho que essas cenas são uma herança dos anos 60... muito LSD e outras cenas que fazem rir naquela cabeça...

O que me intriga sobre como olharemos daqui a uns anos para as séries de hoje.... "Geez, usava-se isto?!"

Pronto saltemos esta parte... falar muito de moda tende a deixar-me meio estranho... fico com medo que de repente apareça um tipo de não sei onde com pentes e tesouras na mão, cheio de pressa a dizer palavras afrancesadas e a cheirar a 8 ou 9 perfumes diferentes e com menos pêlos faciais que a Sinead O'Connor. Esses tipos assustam-me. Não sei, há qualquer coisa numa pessoa com latas de laca suficientes para iniciar sozinho uma guerra biológica que me deixa com algum medo. É que alguns deles também fumam... se um dia aquilo calha mal...

E qual é a outra conclusão?
Não sei. Na altura pareceu-me que apenas uma conclusão não seria suficiente e por isso disse duas... mas agora deixem-me pensar em qualquer coisa.






Ah, já sei.

A outra conclusão é:
- As séries de antigamente tinham alguma coisa que viciava o espectador. Quem não se lembra do Knight Rider? E do Macgyver? E do Esquadrão Classe A? E as corridas em câmara lenta das "Marés Vivas"? Até podem nem gostar, mas quase de certeza que todos já vimos pelo menos um episódio de qualquer uma destas séries, ou até de outras das quais não me recordo neste momento, mas que também marcaram a memória televisiva de cada um. Não me interpretem mal, hoje em dia também existem muitas séries catitas, mas as de antigamente não tinham os meios técnicos que as de hoje e ainda hoje as vemos com "aquela" nostalgia e preparamos o nosso discurso paternalista para com os mais novos, a dizer coisas do género: "Ah... naquele tempo é que se fazia televisão com qualidade... nham nham (mastigar em seco fícticio, já a preparar a fala característica dos indíviduos portadores de próteses dentárias)".
Mas a verdade, caros leitores, é que as séries nem eram assim tão boas. Algumas eram até bem fraquinhas... mas não havia nada melhor. É como hoje.

A maior parte das pessoas da minha idade (22 e tal) passou, nem que fosse ao de leve, pelos anos 80 e esteve uma boa temporada nos anos 90... e muita coisa mudou desde então:
- O então "mito" da Internet é hoje uma banalidade e os putos já nascem com um manual incorporado que permite mexer em tudo que é coisa com botões (nem que seja a camisa).
- Os telemóveis passaram de armas de arremesso a porta-chaves.
- Andamos com pendisks e leitores de Mp3 no bolso que têm a mesma capacidade de armazenamento que dois ou três super-computadores de há 15 anos atrás e que dão para ouvir o equivalente a 8 ou mais cds de músicas.
- E outras coisas que não tenho paciência para estar a enumerar agora...

Mas há muita coisa que está na mesma... o Canal Parlamento, por exemplo, continua com a mesma qualidade.

É claro que existem mais cenas que até fazem sentido e que podem atrair pessoas fãs de textos profundos com mensagens intricadas cujo objectivo é mudar o nosso interior e acreditar que podemos fazer a diferença se salvarmos as baleias e os pinguins e as focas e libertarmos os animais que se transformam em capachinhos (não sei o nome dos bichos)... só que esses não têm piada e são para os blogs que perdem as suas linhas com tretas existencialistas... naa... isso não é para mim... por isso vou deixar a minha iguana azul-escura escrever as próximas linhas.

=== Cena inédita no panorama bloguístico ===

Hã... isto é parvo.

=== fim da cena ===


Para primeira vez até nem foi mau.

Ah, e lembrei-me agora... recordam-se de uma música de finais dos anos 80, cantada por uma tal de Claudie Fritsch-Mentrop, música cujo nome era "Voyage voyage"?



Não, pois não?





Pois...






eu também preferia não me ter lembrado.






Aquela cena na cabeça...






Tenham medo. Muito medo.

1 comentário:

B disse...

Primeiro: não me lembro dessa música e pelos vistos ainda bem.

Segundo: Pendisks com capacidade de 2 ou 3 computadores de há 15 anos atrás??? Estás louco? Só podes estar porque há 15 anos atrás eu jogava em casa do meu primo Commodore 64 onde o 64 era a memória em... bytes.
Terceiro: "Saved by the Bell" era uma série que via mas há duas na mesma onda que não me esqueço: "Riscos" - os primeiros "Morangos com Açúcar" da televisão portuguesa e por fim a famosa e fantástica série "Parker Lewis can't lose" e a sua frase mais do que conhecida "Gentlemen, synchronize Swatches!"! Ai as saudades.