quinta-feira, janeiro 29, 2009

Dia 60 - o fim não vai ser muito bom

Sabem o que me faz confusão? Aquelas pessoas que começam os textos com uma pergunta. Mas há algo que me irrita mais que isso: os comentadores.

Hoje há comentadores de tudo e mais alguma coisa, e nem vale a pena enumerá-los, porque são muitos. De entre a vasta lista cuja preguiça me impediu de criar, gostava de abordar, para não dizer "comentar" (embora seja exactamente isso que vá fazer, assumindo automaticamente o papel daquilo que critico, por isso não me chateiem que isto também vai contra mim) - pausa para respirar e ler o que estava antes dos parêntesis - sobre os comentadores da imprensa dita "cor-de-rosa".

Ora, isto começa mal logo no nome. "Imprensa cor-de-rosa" - Uma cor só para eles? Provavelmente foi escolhida por um daltónico, porque esta imprensa só fala de divórcios, crimes, traições, operações, novos casos, alegados casos, casos antigos, caras de caso, caso-ou-não-caso, etc... acho que não combina com cor-de-rosa. Mas não se fiem em mim, não percebo muito de decoração de interiores.

Para que os senhores da imprensa não fiquem tristes sou da opinião que apareçam imprensas de outras cores. Há muito trabalho a fazer nesta área, as Páginas Amarelas não bastam.

Mas isto não interessa.

Quem também não interessa são os já referidos cronistas do jet-set. Se isto começou mal com o nome, continua mal com a expressão jet-set. Sejamos realistas, Portugal não tem jet-set. Não temos dinheiro para isso. O melhor que se arranja são os tipos que são famosos pelo trabalho que fazem, pessoas essas que geralmente estão ocupadas demais para aparecer em festas e outras, convenhamos, paneleirices. Há ainda os outros que são famosos por... por... bem, eles são conhecidos porque... pois, não sei porque é que são. Mas com isso eu até vivo bem: há idiotas em todo o lado, conhecidos e anónimos.

O que me irrita realmente são os comentadores. Chegam mesmo a ser um caso de saúde plúbica: Já apanhei 2 gripes à conta da quantidade de vento que circula quando um deles abre a boca.

Há pouco pesquisei na wikipédia o termo "jet-set", o que me trouxe, entre outras coisas, uma lista na qual figuram algumas das pessoas que compõem o jet-set nacional. Sim, que isto é tipo uma associação, e como tal, é preciso responder a determinados requisitos:

1 - "Não trabalhar, isso é só para o Maior" - nem sei se será preciso dizer, mas essas pessoas destacam-se por conseguirem dar nomes catitas ao acto de não fazer nenhum. Não gosto disso porque, sendo eu um empresário do ócio em nome individual, detesto concorrência.

2 - "Ter um nome moderno, ou vá lá, estúpido" - Ele há Tita's, Biba's, Cinha's, Lili's, Maya's, Mituxa's, Pimpinha's, e outras Inha's, o que vem reforçar a ideia de que para ser VIP temos de ter um diminutivo, nem que seja feito a partir de um diminutivo prévio. Porque é obrigatório que tenha pelo menos um "I" lá no meio. Quanto aos X, Y e Z, letras que estão juntas no fim do alfabeto são mais fáceis de decorar, o seu uso é facultativo, mas só para dar estilo a um nome banal - Nada de Josefa Marília Antunes, Josy de Antunes é que funciona. Como aquelas empresas cujo nome é fruto de uma estranha fusão do nome dos proprietários "Enlatados BOMALDEL" - empresa de Maria, Aldomiro e Elmano. O B? É do Bobi, o cão de guarda.

3 - "Ter ou ter tido um caso com alguém rico e/ou estrangeiro". - Pessoalmente não tenho muito contra isto, se têm de fazer pela vida sem trabalhar, o melhor é escolher capital de fora, mas o que me irrita é o facto de insistirem em ficar cá. Emigrem, têm todo o meu apoio.

4 - "Ter alguma coisa para dizer, desde seja absurdo e oco" - John Donne escreveu um dia que "Nenhum homem é uma ilha", mas todo o VIP é filósofo. Um filósofo mau, claro, mas um filósofo, de qualquer das formas. Porquê? Porque amam a sabedoria e o conhecimento. Dos outros, por não terem nenhum de ambos. Quem não recorda o mítico hino à vida "Estar vivo é o contrário de estar morto."?
Vip que é Vip tem também de ter uma crónica num sítio qualquer. Seja num jornal, numa revista ou qualquer publicação periódica, eles têm de espalhar a palavra sobre o último happening, a mais recente vernissage ou outro estrangeirismo que eles se lembrem de escrever. Eu sugeriria que, dada a crise internacional e as preocupações ambientais da actualidade, pensassem em poupar as árvores e escrevessem as suas observações em rolos de papel higiénico. Assim sempre teriam alguma utilidade.

5 - "Aparecer." - É o fundamental, quando tudo o resto falha. Seja numa festa ou a cortar carne do lombo para assar, o Vip tem de ser fotografado. O relacionamento dos Vips com os fotógrafos é algo de atribulado, mas é vital. Um micro ciclo da vida, se preferirem. Os Paparazzi tiram fotos aos vips, vendem-nas às revistas, que por sua vez dão o espaço ao Vip para aparecer a falar das fotos.

E o que é que alimenta estes parasit... perdão, estes seres humanos com direitos, é a curiosidade do cidadão comum. E a curiosidade é uma vaca de dois legumes, ou melhor, uma faca de dois gumes. Tanto nos pode incitar a evoluir nos campos da ciência e outras áreas que potenciam o desenvolvimento da sociedade, como nos pode levar a comprar uma revista com fotos da Lady Betty e o marido.


Ser estranho, o Homem.




Ser mais estranho, a Porteira.





Tenham medo. Muito medo.

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