domingo, outubro 24, 2010

Dia 73 - Tutti mas pouco.

Olá, há quem diga que largos dias têm 100 anos, eu diria que está uma humidade esquisita e que tenho comichão na têmpora esquerda. O importante a destacar é que já lá vão alguns dias desde a última vez que aqui depositei larachas, pena não haver uma taxa de juro decente, porque já que ninguém lhes toca podiam render alguma coisa. E posto que nesta frase se resume o meu conhecimento de Economia e Finanças, vamos avançar com isto, pode ser? Não fiquem tristes por começar antes de ouvir a vossa resposta, o jet lag tem destas coisas.

- Carta Aberta à COMPAL -

Exmas. Senhoras,

Serve a presente carta para manifestar uma dúvida que se prende no âmago de qualquer indivíduo que esteja suficientemente desperto quando encontra um dos vossos produtos no amanhecer de qualquer dia, produto esse geralmente ladeado por uma tosta, uma torrada ou outro derivado do pão, ou um item aleatório de pastelaria, salgados a afins. Mas avancemos porque não quero perder o vosso tempo, e principalmente o meu, com elaborações sobre os hábitos alimentares da população em geral. Não tenho nada contra a vossa polpa de tomate, mas gostaria de abordar um vosso artigo em particular, mais concretamente o vosso néctar, vulgo sumo de frutas.
Perdoem-me a ignorância, não estou a par se comercializam lacticínios, mas vamos ao bovino frio da questão:

Tutti-frutti.

Apesar do meu conhecimento parco da língua italiana, creio poder concluir que a tradução livre é "todas as frutas". Longe de mim duvidar da vossa inteligência, creio que já terão adivinhado do que falarei de seguida.

No rótulo destacam-se as uvas, as maçãs, um ananás (se for um abacaxi perdoem-me pela falta de precisão) e laranjas. Percebo que semioticamente poderia ser demasiado confuso para o utilizador final se em tão reduzido espaço figurassem todas as restantes frutas, o tutti das frutti, portanto. Poderia encetar numa discussão sobre a hierarquia das frutas no que concerne à sua iconicidade, mas não me apetece, por isso nesse ponto não haverá lugar para debate, da minha parte. Mas que fique assente aqui a primeira análise.

Falemos de seguida no sabor: É perceptível o sabor da laranja, o travo ácido do ananás ou a doçura subtil do abacaxi, até se vislumbra um ligeiro granulado da uva... onde estão os outros? Que é do sabor da anona, o marmelo, onde está? E o morango, será demasiado rasteiro para aparecer? Não queria escalar a discussão para níveis não razoáveis, mas sou forçado a fazê-lo quando constato o drama da discriminação: Meus senhores e animais de estimação sencientes e/ou devidamente treinados para o efeito, onde estão os frutos secos? Já se perseguiram povos, agora são postos de parte tipos inteiros de frutos?

E a banana?

Para o bem desta reflexão, tomemos por certo o seguinte quadro: Tenho um primo meu que é alérgico a amendoins e, apesar de ser consumidor assíduo do vosso néctar, não faleceu. Se existissem no vosso néctar todas as frutas presentes no mundo, já não estaria entre nós. Seria trágico, com toda a certeza, mas não existiria esta dúvida e não teriam agora a maçada de ler esta carta.

"Somos todos fruta, mas um são mais frutos que outros"

Pêra é pêra, maçã é maçã, melancia quadrada é subjectivo: pode ser uma aplicação da engenharia alimentar ao serviço de acondicionamento eficaz de frutas, pode ainda ser um atestado do excesso de tempo livre das mentes conhecedoras e pode ainda ser considerado um atentado à sapiência da Natureza (notem que não lhe chamo "Mãe Natureza", pois nem todas as mães serão assim tão sapientes. E tão mães, já agora). Quero com este simples exercício de pensamento alertar para a necessidade de sermos objectivos quando pretendemos inovar e servir a população; Se num néctar "tutti-frutti" não estão lá todas as frutas, pode também não estar fruta alguma. Tanto quanto sei podem haver apenas químicos que simulam o seu sabor e estarmos nós a beber esferovite líquido.

Preocupa-me pensar que estão mais frutas na participação no Festival da Canção da cantora Dina do que no sumo que porventura poderá constar no meu pequeno-almoço. E chamar-lhe cantora... é subjectivo. Mas admito-o.

Certo de que existe grande quantidade de mãos dispostas a apontar o dedo, mas poucas a participar na resolução do problema, gostaria de propor soluções sob a forma de alternativas ao nome.

1 - "Compal de Algumas frutas que porventura saibam melhor e que agradaram à maioria do nosso grupo de teste, afinal eles são pagos para alguma coisa. Se não gostarem, a culpa é deles"

2 - "Compal de Frutas" - solução mais minimalista.

3 - "Compal Salada de Frutas" - Se já tivermos ultrapassado a questão de que nem todas as saladas são obrigadas a ter alface na sua composição, podemos optar por esta via. Desta forma mantém-se a hipótese de debate, o que aumenta o interesse do sumo, mas reduzem-se os poderes de sustentação de alguns dos argumentos.

Eu tinha uma quarta solução mas não tenho vontade de a partilhar com vocês.

Na esperança de que este problema encontre a sua solução,

Cumprimentos.

Eu.

3 comentários:

Patrícia Lima disse...

CARA&%%&/&&!!!!!!!!! És genial!!!

Sara disse...

"Preocupa-me pensar que estão mais frutas na participação no Festival da Canção da cantora Dina do que no sumo que porventura poderá constar no meu pequeno-almoço". Isto é verdadeiramente preocupante. =P

(Exmo.) Diogo Ourique disse...

Tenho saudades dos tempos em que este tema era encarado como assunto sério de conversa. Em que a classificação "tutti-frutti" era a maior das nossas preocupações.
Saudades de toda uma low-life que só existe no mês de Agosto...

Abraço.